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quarta-feira, 31 de março de 2010

Mitos Urbanos

Há meia-dúzia de histórias que todos nós já ouvimos contar e, que por terem o seu quê de justiça poética, decidimos acreditar quando na realidade elas não passam de realidade pouco mais que virtual.

Estou a falar, claro está, dos mitos urbanos que todos nós, mais ou menos, numa ou noutra ocasião já ouvimos ou lemos algures. O mais famoso de todos tem até para mim um carinhoso nome e chamo-lhe “o mundo é do ricos”. É espantosa a quantidade de pessoas que já me contou que tem um amigo ou um familiar, que é sempre, como dizer… um tipo montado na massa, que ia a estacionar o seu veículo xpto (não interessa bem qual o modelo e marca, mas é sempre uma coisa carota) e que, um puto armado em Chico-esperto, agarra e “papa-lhe” o lugar… “’Tás a ver?!”.. após o que, lá sai do carro, espeta com a famosa frase:

-O mundo é dos espertos!

Ora, claro que para isto acabar em bem, o outro tipo – o tal que é montado na grana,- espeta com o seu super carro sem apelo nem agravo, partindo o outro todo e responde (sempre com um tom super James Bond, (quando era interpretado pelo Sean Connery, porque entretanto alguns eram mais azeiteiros que o gordo dos Ídolos na SIC)):


-O mundo é dos ricos!!!

Ora bem, bonita história, não é ?! E se eu vos disser que tenho umas 4 ou 5 pessoas conhecidas que juram a pés juntos que conhecem o tipo? É que para além de soar a aldrabice mal contada a que acedemos sempre por boa educação embora o que nos apeteça mesmo é desmenti-los sem mais nem ontem, eles de facto acreditam no que estão a dizer. Ele há coisas…

Um outro mito que ouvi há bem pouco tempo foi o de que uma pessoa leu o famoso papelinho que vem dentro dos medicamentos, tendo-o aberto para o efeito e, que o terá voltado a dobrar na posição original. Só ouvi isto uma vez mas sei que é pura aldrabice. Isso pura e simplesmente não é possível. Acredito piamente que cada farmacêutica tem lá um engenheiro frustrado que faz da dobragem de papel uma coisa tipo Origami ocidental aplicado à indústria farmacêutica para poder mangar com a malta quando está a ler as contra-indicações do Cortigripe ou do Recto-bronco-tosse. Lá pode-se ler que, até estes inocentes medicamentos, que até acho que são de venda livre, podem provocar um sem número de efeitos secundários muito piores do que aquilo que temos antes de tomar tais medicamentos.

Isto é em especial aplicado ao Recto-bronco-tosse, que, por motivos óbvios que não é preciso especificar, começa mal pelo simples modo de administração, é que, os comprimidos são muito mais pequenos para a boca que é tão grande, não poderiam fazer os supositórios à escala, bem… como é que hei-de pôr isto?!… na entrada –vamos dizer assim – que vai utilizar?!

Canela

Bruxelas, 31 de Março de 2010

O Trombudo

Falo-vos hoje,- não levem a mal escrever sempre com o verbo falar mas ouço-me sempre a dizer isto- de uma figura que conhecemos sobejamente, o trombudo.

O Trombudo é auto-explicativo mas não deixa de carecer de uma breve introdução. Para além de estar sempre de trombas ele é tipicamente reacionário, uma espécie de bloquista de esquerda de mau humor. Imaginem o que seria o Francisco Louçã nos seus piores dias e acho que a descrição está perfeita. Não pode ser aquela moça giraça do partido dele, a Joana Amaral Dias ou lá o que é porque tem uma cara laroca demais para ser trombuda, pelo menos assim à primeira vista, até porque as mulheres são tipicamente trombudas em privado e não tanto em público. Dessas contas reza outro rosário que, haveremos de falar com toda a certeza mais à frente. É uma trombudice muito especifica para incluir aqui.

Ora, para além do aspecto que estas pessoas têm, que inclui na versão masculina a barba mal feita com dois dias, porque estão contra os fabricantes de lâminas de barbear com mais de uma lâmina, há também que considerar que elas de facto gostam de aparentar estar chateadas com toda a gente.

São capazes de ir ver um filme e aguentar estoicamente a mesma duração do filme Austrália com actores que não gostam nem um bocadinho, com uma história que não apreciam só para no fim poderem ir para casa a dizer que aquilo não presta em 4 ou 5 aspectos diferentes.

Isto é gente que vai ver um stand-up comedy, (comédia erecta, em português, para os menos informados na lingua inglesa (com letra pequena em “ingles”)) e sai de lá com preocupações relativas ao excesso de liberdade política dos humoristas, que apoiam a “não censura” feita ao Mário Crespo pelo Zéquinha (sim, o Sócrates).

Devem existir muitos destes porque, estou em crer que foram estes gajos que ligaram e obrigaram as suas familias a ligar para o concurso do “Maior Português de Sempre” ou lá como é que aquilo se chamava em que ganhou o Tio Oliveirinha, mais conhecido por Oliveira de Salazar, o tal que com uma cadeira fez o povo da altura (e o povo que veio depois) muito feliz.

Só pode have muito calhorda destes pela rua fora porque é a única explicação que encontro para haver ainda pachorra para as tiradas do Medina Carreira. Problemas?! Toda a gente sabe apontar mas, eu já o ouvi dizer (estou a parafrasear) “Isto agora já não vai lá de maneira nenhuma”.

Que me desculpe o senhor que tem direito a ser trombudo e pessimista, e achar que toda a gente exceto ele próprio é incompetente, mas eu tenho que viver mais uns 40 anos nesta terra maravilhosa e não me posso dar ao luxo de achar que isto não tem solução se não abro a porta de emergência do avião, aqui a 50 cms de mim e salto borda fora. Há, claro alguns inconvenientes nisto, o sacana do colete salva-vidas debaixo do banco serve para boiar e não para voar e, como vamos sobre terra, era coisa para doer e a moça aqui da cadeira ao lado, não tem culpa nenhuma que o Medina Carreira seja trombudo!

Canela

Algures entre Bruxelas e Lisboa, 30 de Março de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

O Estrangeiro

Mais uma vez em regime de excepção,(já agora as excepções de edição diária no blog são: férias, idas ao estrangeiro, feriados, fins-de-semana e outros que tais) volto à carga, desta feita com um pequeno texto sobre a minha visão do que é estar no estrangeiro assim sem mais nem menos.

Ora bem, logo que saímos de Portugal, isso conta como estrangeiro, ou quando vamos à Madeira por os medicamentos não serem comparticipados, ficamos na mesma situação que no estrangeiro pelo que, a Madeira, é estrangeiro. Pronto… com isto faço a vontade ao Alberto João Jardim e ao resto do Continente que apenas por ser politicamente correto não o diz abertamente. A Madeira é um sorvedouro de dinheiro (nada tem que ver com a tragédia que se abateu contra eles, na qual estou solidário com os mesmos) mas com o normal modus vivendi desta pseudo-região-encapuçada-de-região-autónoma-que-afinal-não-o-é! Está dito e sigamos por aqui fora.

Logo que pomos o pézinho fora do burgo pomo-nos de repente a pensar que tudo é melhor por aqui por fora do que lá por dentro e, durante uns dias, a ideia até pega. Isto é, até nos lembrarmos de uma “bolinha” amarelça que brilha lá no alto tipo pirilampo e a que normalmente chamamos Sol. Aí é que é uma porra! É que por aqui chove que se farta na maior parte do tempo. Nos países em que isso não acontece, há mais assaltos por minuto do que em Portugal o ano inteiro. De repente, começamo-nos a recordar da mini e da sandes de courato e de ler as parangonas horríveis do Correio da Manhã. OK…retiro esta última parte que nos faz ter vontade de emigrar…isso, e a TVI mas pronto…

O comer destes tipos é de morrer a rir. Um gajo pede uma sandes e aparece-nos uma sandes num prato daqueles que são mais caros do que aqueles que usamos quando temos visitas em casa, preparamo-nos para pagar o mesmo que um jantar no Gambrinus pela sandes e, quando estamos a aguçar o dente, aparece-nos um pãozinho que deve ter componentes de plástico mas que está de acordo com a nova legislação acerca do ROHS. Dizer que o pão é estaladiço, é pouco. Este pão é um estalo, aliás, de rijo que é logo que esfria saído do forno, havia de existir licença de uso e porte de arma para se poder usar este pão que chega a ser transportado debaixo do sovaco, naturalmente para ganhar gostinho e cheiro. É que esta gente é pouco dada a temperos.

Lá nos aparece a sandes no prato mas com um tomatinho grelhado com oregãos e umas covinhas de Bruxelas, (onde já estive mas nunca comi uma couve destas lá…em casa de ferreiro…) acompanhada de uma folhinha de alface e do vegetal mais gay que conheço. O Rábano. Eh pá…com um nome destes, homem que é homem não come disto sob pena de ficar com um frúnculo no rabo. Isso ou apanhar o famoso clister de açorda.

Os que, por azar, pesam mal estas coisas, tornam-se em emigrantes, que terão eles próprios um edição dedicada num futuro próximo por serem um grupo de uma piada incrível por si só. Logo que escrevo a palavra emigrante dá-me vontade de rir e não é por essas letras no teclado do computador terem um picotado que me faz cócegas na ponta dos dedos.

Espero que, ao publicar isto, a adesão à leitura não seja muito forte por parte das gentes aqui do burgo (nem da malta da Madeira, já agora) porque senão posso ter azar com o vôo.


Canela,

Antuérpia , 29 de Março de 2010

sábado, 27 de março de 2010

A Tele-conferência

Sou só eu ou há mais a acharem que as tele-conferências são uma boa ideia mal metida em prática?

Digo uma boa ideia porque, assim de repente, parece-me bem catita que vários interlocutores possam comunicar ao mesmo tempo sobre um mesmo assunto e que se possa, a partir do conforto do seu telefone, estar com várias pessoas ao mesmo tempo sem se gastar mais do que uma chamada.

Isto é uma boa ideia ou não?! Claro que é!

Como acredito que o mundo está pejado de brincalhões, é para mim absolutamente óbvio que, quem fez a tal legislação para que o pi pi, e notem que não é o pipi mas sim o “pi pi” que é obrigatório durante qualquer conferência (vamos chamar-lhe assim de forma abreviada e carinhosa e até, porque quase tratamos a tele-conferência por tu) estava a tirar um brutal gozo a pensar no que seria dito ao telefone.

É que parece que cada vez que se especifica alguma coisa, o tal “pi pi” está exactamente em cima do que é importante. A frase normalmente é “São precisos, mais coisa, menos coisa, …“pi pi”… pastéis de nata!”. E não adianta estar a repetir porque é certo e sabido que o pi pi vai cair em cima do que se quer ouvir… A vida tem destas coisas… Isto leva a maltaos píncaros do desespero e a dizer repetida e furiosamente “ Uma dúzia, uma dúzia, uma dúzia” como se se estivesse a manifestar contra algo chamado “Dúzia”!

Não é a brincarem connosco?

O pior é que, como fazemos isto apenas meia-dúzia de vezes apartadas umas das outras por dois meses ou coisa que o valha, quando é preciso, não sabemos o código que é necessário para não alternarmos entre uma chamada e outra mas sim para juntar as duas chamadas.

Há ainda o pormenor no mínimo curioso que é, quando o “organizador” da conferência consegue ter os dois em linha, deixa basicamente de falar e ouve os outros dois… Ora pergunto eu, não era melhor ele dar o número um do outro aos outros dois e depois um ficava de ligar a dizer como ficou? Sei lá…assim de repente…parece-me que podia ser uma ideia.

Nas conferências mais complexas, onde temos muitos participantes é o rega-bofe completo porque, podemos atrever-nos a fazer sons estranhos porque não há possibilidade de saberem de onde vem o som. Isto tem tantas possibilidades… Gritar a plenos pulmões com o botão do mute ligado, desligar um segundo e voltar a meter em mute. Tirar de novo e perguntar. “Que som foi este?”. Quando tiverem oportunidade, experimentem porque vão gostar. Uma pequena nota, não tentem isto se existirem mais participantes na sala ao lado e, já que estamos a falar nisto…quando meterem o telefone no mute (no “segredo” que nos permite calar o nosso microfone para que não nos ouçam) não carreguem duas vezes porque, obviamente, o som vai passar e se chamarem nomes feios à pessoa do outro lado, ele pode ficar aborrecido!

Canela,

Cercal, 26 de Março de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Barbeiro

Sendo eu um rapazola de Campolide, existiam basicamente três sitios onde ir cortar a trunfa quando era mais miúdo. Hoje restam dois a funcionar, um delesd onde trabalha a filha do antigo dono que teve até honras de notícia de jornal, chamado o Barbeiro de Campolide. Como não sou dado a plágios, entitulei a edição de hoje de apenas “O Barbeiro” embora seja dedicado a dois deles.

Digo a dois porque o que já fechou era uma besta, paz à sua alma! Era uma besta porque sou pouco dado a esquecer-me do que as pessoas me fazem, em especial a barbeiros estúpidos quando eu tenho 5 anos. Bem sei que foi há 29 anos mas, o que é que querem? Estas coisas não me passam assim tão depressa. Teve a ver com um desaguisado que meteu o meu pai ao barulho e, mesmo com 5 anos, já tinha mau feitio que sobre para ter decidido que:

1- Nunca mais lá ia.
2- Se a internet aparecesse, havia de lhe dedicar um parágrafo a chamar-lhe nomes!

‘Tá no saco!

Dos outros dois, um já faleceu e era o grande Manuel Jorge, dono de uma bigodaça à antiga portuguesa, que está na Rua de Campolide (a rua mais central do país), em frente ao talho e ao Katekero. Ao lado dos melhores bolos reis do Universo! E eu nem gosto de bolo Rei! A filha tem um cabeleireiro onde o pai trabalhava e não posso deixar de achar bonitas estas coisas.

Por último, o fabuloso, o incomparavelmente inegualável, Arménio Fernandes que, como qualquer bom barbeiro que se preze, ostenta o diploma com o seu nome na parede. Afável, simpático e, claro está, Benfiquista. É uma religião com muito mais seguidores que a Católica Apostólica Romana embora estes últimos sejam mais cómicos e marotos!

Mas há alguma coisa, que pague um gajo ir cortar a gadelha e, após os cumprimentos da ordem ao barbeiro e restantes presentes, ouvir a pergunta; “E então o nosso Benfica?”?
É isto que se chama customer care, deixem-se lá de panfletos informativos e sondagens da treta, decorem o clube dos vossos clientes e perguntem-lhes o que acham daquilo! Resulta…. Sempre!

Para além de ser uma forma de manter o comércio tradicional é também a melhor maneira de preservar Lisboa antiga dentro de 20 metros quadrados. Já repararam que estes barbeiros têm sempre um rádio Philips, ou Grundig nalguns casos mais arrojados, com leitor de cassetes? Para os mais novos, procurem na wikipédia o que é uma cassete, mas adianto já que era um suporte para ouvir música, que começava com fita vermelha e/ou transparente e seguia para uma parte castanha/preta onde se gravava a música propriamente dita. Ora este rádio tem ainda mais uma ou duas peculiaridades, reparem… os botões são sempre de 2 ou 3 posições e são um botão mesmo, não têm botões mariquinhas nem ecrãs táteis.

Aliás, quando se diz iPhone o barbeiro pergunta “Ai o quê?!” com aquele ar que caracteriza os nossos avós ou pais quando se deparam com algum gadget modernaço que eles não sabes se é um isqueiro ou uma PEN USB! Não há mostradores digitais também e, até a sintonia do rádio é feita por meio de um botão que gira e que tem um mecanismo com umas roldanas lá dentro para, fazer andar a barra vertical que mostra a frequência na qual o rádio está.

Estes magos do corte do cabelo sabem de cor as frequências dos rádios e RDS para eles é uma sigla que deve ter a ver com impostos e de que não se fala no trabalho.

Ir ao baieta, agora que falo nisso, tinha uma particularidade quando era puto, que era de levarmos um caldo de cada um dos nossos amigos no dia em que cortávamos o cabelo. Era uma bela tradição, não era? Ainda para mais que são raros os putos carecas…

Ainda acerca do barbeiro, há que falar daquela carrada de produtos que estão numa prateleira dentro do balcão e que acho que nunca foram comprados por ninguém embora tenham preço na caixa. Falo obviamente daquelas barras brancas para estancar o sangue, reminiscências do Sweeny Todd com certeza, e que “arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrde pa xuxu!” e das ampolas castanhas – a sério, já não basta aquilo ser produto para queda do cabelo, ainda por cima têm de ser castanhas ????- que estão dentro de caixas de cartão que as mantêm estoicamennte eretas, uma espécie de Viagra ou Cialis para ampolas de vidro.

A última menção que aqui deixo, é acerca do esquentador com o famoso coelhinho da Vaillant que, todos estes barbeiros usam porque acho que deve fazer parte do pedido de Alvará à Câmara Municipal. Vendo bem as coisas, já percebi porque o Manuel Jorge tinha o talho ali em frente…

Canela,

Campolide, Lisboa, 25 de Março de 2010.

terça-feira, 23 de março de 2010

O Perfume

Há um limite para tudo quanto é bom. Isto parece-me ser óbvio e, se nos deixarmos de juízos pre-definidos e meios parvinhos podemos ver tudo, mas mesmo tudo, tem que ter conta peso e medida! Claro que há excepções no tocante ao universo feminino mas, pronto,… para quase tudo, ou melhor, para a maioria das coisas há que ter conta, peso e medida para que não sejam em demasia. Portanto, há coisas que são assim, e se não forem coisas, são pelo menos algumas coisas, por poucas coisas que sejam. Uma dessas coisas é o perfume!

Quem já jantou no casino de Lisboa naquele ambiente inebriante sabe muito bem do que estou a falar. Para conseguirmos jantar temos de levar uma molita no nariz e isto tem que ver apenas com um pequenissimo fator. As moças que nos servem à mesa, muito bem arranjadinhas, de verniz bem pintado, maquilhagem até cuidada, com uma farda laroca e esforçando-se na maior parte das vezes por serem simpáticas, tomam banho em várias fragrâncias que, de facto são um bocadinho demais.

Eu que até gosto muito das tostas de queijo de cabra que eles lá fazem que vêm com aqueles tomatinhos pequeninos e uns verdes, a acompanhar com o melhor chocolate quente que conseguimos beber sem rezar 3 pais-nossos e 7 avé-Marias, - espero que seja assim que se escreve e não seja declarado Herege-Mor- tenho alguma dificuldade em engolir, por causa do cheiro que me faz parecer que o chocolate quente vem embebido em Jean-Paul Gaultier ou o fabuloso Angel de Thierry Muller que, por muito que goste dele, não combina com as minhas horas de refeição. Para quem conseguir usar a imaginação, pensem nisto:

“Chá Channel nº 5!!” Não há mais a dizer… é isso com que se fica com a sensação de se estar a beber.

Mais uma vez, e à semelhança da edição do pumzinho, (sim, vou continuar a escrever com “m” mesmo sabendo que a contração deveria passar por meter um “n”) há horas para tudo.

Para piorar a coisa, o restaurante vai rodando lentamente enquanto comemos e, eu que sou um tipo com um parco sentido de orientação, para não dizer que me perco dentro de uma piscina rectangular vazia, quando me levanto da mesa, embora não beba nada com álcool, tenha sempre a sensação que é assim que os copofónicos se sentem quando se levantam depois de um opíparo jantar regado à grande e à portuguesa!

É que depois disto não faço ideia para onde saio nem para onde entro. Lá está, sou quase como um pombo no sentido de orientação… apenas um pombo altamente etilizado, após um ginger-ale com cheiro a cerveja.

Há aqui que referir ainda mais um colega de trabalho que tem uma certa e determinada característica que, não tendo a ver diretamente com perfume, por ser uma característica odorífera, acho que é de referir. Note-se que estou a falar de um tipo, que usa dois relógios um em cada pulso o que, por si só, começa a dar ideia do que estou a falar. Bem, o rapaz quando faz a barba e, aqui posso agradecer a várias religiões simultâneamente por esse facto, mete after-shave é de fugir. O cheiro nota-se a uns bons 30 metros. LITERALMENTE! Logo que o tipo abre a porta da empresa, e notem que estou a uns 30 metros em “L” através de um corredor com paredes à antiga portuguesa com uns 50 cms de espessura), o cheiro atinge-me de imediato. Para terem uma melhor perspectiva da tragédia digo-vos apenas que andou comigo de carro um dia qu fez a barba e, no dia seguinte por volta das 8 da noite, a primeira pessoa a entrar no carro depois dele diz, e passo a citar: “Xiiiiii, que cheirete é este?!”

Acho que está tudo dito, não?

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 24 de Março de 2010

Roupa interior feminina I (A Cueca)

Abordo hoje uma temática que me é muito querida… a roupa interior feminina ou, mais especificamente, a lingerie. Já me adianto a dizer que é a parte I porque este assunto é de tal maneira rico que estou certo que terei outras oportunidades para vos escrever acerca deste assunto.

Falo da roupa interior feminina porque, em abono da verdade, a masculina tem muito pouco de interessante e não me vem nada à mente quando penso em slips, boxers, cuecas e outros que tais. Pelo menos nada que me apeteça escrever acerca de…
Já a lingerie feminina é, mesmo nas más amostras, um excelente tópico para se escrever qualquer coisa de interessante.

Há que reconhecê-lo, há lingerie deprimente e bastarda neste mundo, minha gente, mas, até essa merece menção aqui no aroma.

Começo por destacar a minha querida e adorada cueca ADSL! A cueca ADSL tem este nome porque, toda a gente sabe, é a cueca de banda larga! Esta é a cueca que, para se ver um bocado de rabo, tem que se desviar a cueca e está diametralmente oposta à cueca fio dental que, por sua vez, tem a particularidade de se ter que desviar rabo para se ver cueca! Se a cueca fôr verde pode ser patrocinada pelo Sapo mas, como não se vê muito nessa côr, resta dizer que normalmente assume tons de branco ou, o mais que soturno beje que, é preciso afirmar aqui com convicção, é a côr na qual a cueca nunca haveria de ser feita. Para informação esta peça é tamém carinhosamente chamada de "ecas" talvez para evitar o prefixo "cu". A mim faz-me sempre pensar em meia cueca só com a parte da frente!

O expoente máximo da cueca beje e triste inclui ainda o elástico partido ou já mole com tecido coçado. Se o tecido coçado é marca evidente de uso, o elástico por seu lado, é a coisa mais horripilante que se pode observar numa peça de roupa interior. Senhoras deste Universo, se têm umas cuecas assim, vão à gavetinha onde as dobram tipo triângulo (ou vela de barco, dependendo do tamanho das ditas) e metam-nas no lixo. Digo no lixo mesmo e mesmo que daqui por uns anos se inventem recicladores de cuecas, por favor, se o elástico partiu… lixo. Se eu puder deixar algo para a história universal e não souber o que seja, que seja este conselho! Elástico partido, lixo!

A cueca prática toma formas, desenhos, padrões, cores para os mais variados gostos (para os bons e até para os maus, imagine-se) e, como é do conhecimento geral, incluem rendas que não têm aplicação prática alguma e lacinhos num tecido fino e brilhante à frente habitualmente e que não se desfazem. Sim, os laços são cosidos mesmo… vão por mim que já tentei desapertar um destes pensando que as cuecas tinham ali algo tipo “cinto”! Pode parecer parvo mas, como sou curioso, nestas coisas não há como experimentar e aprender. Esta cueca caracteriza-se pelo tamanho médio e dobra-se com facilidade embora, depois de tal feito, sejam de difícil equilibrio e, mais de 3 ou 4 num molho parecem trazer-nos à ideia a famosa torre de Piza com a sua inclinação fabulosa. Haviam de existir números de dobragem de cuecas no circo tal como há aquelas pessoas que mandam pinos tipo de bowling ao ar quer a solo, quer em parelha ou mesmo equipa.

Quando me lembro disto dá-me sempre vontade de lhes mandar com uma bola nos pés a ver se os derrubo mas voltemos às cuecas!

Daqui para a frente é sempre a subir! A cueca cavada é uma cueca já feita em renda e serve para muito mais do que aquilo que as anteriores foram projectadas. Começa a ter um (in)conveniente – a observação depende obviamente do ponto de vista – que tem até nome conhecido de todos. A cueca na gaveta! Esta cueca é normalmente feito de tecido acetinado e tem mais renda ainda do que as anteriores. Não é tão prática mas, de facto faz uma vistaça bem mais catita do que as precendentemente abordadas. É usada como arma de sedução ou, nalguns casos, arma cómica ao mesmo tempo mas há que manter a compustura e, como tal, não vou desenvolver esta fração deste tema, pelo menor por agora!

Para terminar a gama do cuecame generalizado – sim, porque há sugbrupos disto, tipo gangues organizados de cuecas, com mais subtipos do que existem insectos no planeta Terra – a cueca fio dental é a mais aerodinâmica de todas estas. Esta é a cueca que, até quando está estendida no estendal, os homens que por ali passam, observam a vizinha que por ali mora imaginando, como será dona com aquela peça de roupa vestida. Não é que eu faça isto, mas tenho um amigo que me disse que por vezes tem estes desvarios e, com o interesse científico em mente, e apenas isso mesmo, resolvi aqui deixar o testemunho para que as futuras gerações possam beneficiar do verdadeiro serviço público que desenvolvo ao falar das cuecas femininas. Este tipo de cueca dá ainda para fazer uma belíssima máscara de esqui (ou ski para os mais estrangeirados) quando acompanhado de dois peúgos, um em cada orelha. Se não forem para a neve com isto, pelo menos passem em frente ao espelho e façam uma careta…vale sempre a pena!

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 23 de Março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Pumzinho

Este é um tópico que a todos de certeza é muito caro e, por ter já sido abordado por uma série de gente em compêndios, não quis deixar de abordar este tema de interesse galático que é a peidorrice.

E digo-o sem pudor nenhum porque isto é coisa que todos conhecemos bem. Afinal de contas quem já não deu, no âmago interior do seu automóvel a farpa mais barulhenta da sua vida em que mesmo o auto-rádio no 12 (de 0 a 10) não conseguiu abafar? Quem não conhece o prazer quase orgásmico de largar uma peidoca bem-educada e seca? Ou melhor ainda, aquele pumzinho de chinelos (ou sapatos de quarto...mas estes terão uma edição dedicada em exclusivo a eles pela sua importância suprema para o universo) que quando acaba nos deixa um sorriso importante nos lábios?

Posto isto, penso que podemos começar por abordar esta lei universal que é o magnetismo humano universal e intrínseco da bufa. Toda a gente conhece esta lei... Está para o traque como a lei da gravidade está para o planeta Terra.

A prova disto é que, por mais sós que estejamos num particular momento, por mais que nos tenhamos refugiado num local onde pensamos "Agora é que é, caneco!!!" e olhamos à nossa volta como que a prepararmo-nos para cometer um hediondo e cheiroso crime, depois de largado o vil gás metano-odorento, aparece sempre alguém que vem direitinho a nós! A sério...

Estou convicto que se estivéssemos algures no Pólo Norte, havia de passar por ali um esquimó qualquer que nos vinha cumprimentar só para fazer aquela cara de disfarce enquanto nós dávamos jeitos para ver se o fedor desaparecia.

Isto é tanto pior no trabalho, seja por ocorrer o descuido acidental em que nos pomos a tossir a seguir ao barulho incómodo para parecer que foi tose (mas quem ouviu sabe bem, que não foi... ai sabe, sabe...), seja porque nos pomos a esfregar as solas dos sapatos no chão - qualquer que seja o material de que é feito; o chão ou o sapato - com o objectivo de, mais uma vez, fazer os que por ali estavam, que aquilo foi um efeito especial produzido entre a borracha e o chão de madeira de soalho flutuante tão encerado que, mesmo que um carro com correntes travasse por ali, aquilo escorregava sem se ouvir nada!

E há roupa que não ajuda. É trágico mas é verdade. Eu tenho um casaco alto com gola até à ponta dos cabelos que é do piorio. No fim-de-semana seguinte a algumas bufas ainda lá está a maldita entranhada às fibras como que a gritar:

"Daqui não saio, daqui ninguém me tira!"

E é uma bufa de voz grossa que me apoquenta nos pesadelos!

Uma vez usei umas ceroulas (vulgo "ciroilas")e fiquei a perceber que também não deve de ser fácil ser mulher com questões flatulentas! É que a ceroula, que até é mais arejada que os collants ,(versão mousse ou vidro, como se dizia)apresenta graves deficiências ao nível da ventilação, aliás, digo eu que a ASAE que tanto se incomoda com o fumo que os fumadores passivos(nome curioso, este) inalam, que era de aplicarem regras às ceroulas e collants vendidas, um pouco por todas as superfícies deste país, para que, estas pudessem ser o mais anti-traque que a tecnologia nos permite! E acredito que, algures no planeta Terra, alguém já, pelo menos uma vez, concebeu peças de roupa a pensar neste flagelo que assola a humanidade. Pelo menos eu quero acreditar nisso! A seguir ao penso higiénico para fio dental, penso que o sucesso de vendas número um em acessórios de roupa seria o collant anti-pumzinho.

Há aqui que fazer a devida homenagem a um amigo meu que pergunta muitaas vezes independentemente da situação, e passo a citar:

"Posso dar um pumzinho?"

Acreditem, pela minha saúde e por tudo quanto me é sagrado, que é verdade e, nem a hora de ponta no metro em Paris, com gente pouco dada ao sentido de humor e com verniz mal pintado e mal disfarçado, o impediu de colocar tão eloquente questão! É um senhor! O senhor do pum!

Não queria voltar ao interior do automóvel mas é inevitável falar por fim do design ergonómico dos bancos de automóvel que, e aqui ninguém me desmente, porque não é possível ser outra coisa qualquer, os fabricantes de automóveis, arranjaram maneira dos pums serem projetados para a frente em vez de irem pelo percurso tradicional das costas. Ora, se bem que é uma opção inteligente por ser de facto o caminho mais curto para uma área arejada, não posso deixar de me mostrar ultrajado pelo facto de isto ter as suas consequências... vá lá... secundárias!

Homens deste mundo... juntem-se a mim neste verdadeiro grito do Ipiranga que é, "Pelo amor de Deus mudem isto, porque as minhas peles pudibundas ficam literalmente a voar, impelidas pela pressão enquanto os pumzinhos saem em modo jato!!!"

É isso mesmo... os bancos dos carros contrariam a Natureza. Se Deus quisesse que nós déssemos pums para a frente tinha-nos posto uma cauda enrolada para a frente, não vos parece?!?!?!

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 22 de Março de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

A fruteira sem asas

Estava eu a ver se não chegava a escrever uma linha acerca de atualidade quando ouço esta de manhã na rádio e constato que seria impossível não o fazer.

Então diz que há um tipo que ofereceu prendas a meio mundo para receber favores políticos e não só? Não só me deixa completamente incrédulo isto por ser um forte indício que há corrupção no nosso país de gente tão séria como vejo que, quer o tipo que oferecia as prendas, como os que as recebiam são um bocado, como pôr isto, .... vá lá... rascas!

Então este marmanjo oferece um balde de gelo à Dir. Reg. Econ. do Centro? Seja lá o que este cargo for?? Um balde do gelo?! Realmente é frustrante ser político em Portugal. Já não basta terem salários miseráveis que se podem comparar quase ao de um qualquer cidadão como, ainda por cima, quando toca a serem corrompidos recebem baldes de gelo. Mas este tipo acha que os políticos são parvos? Alguma vez, alguém se deixaria corromper por um balde de gelo, a menos que fosse Dir. Reg. Econ. Do Sahara e o balde tivesse mesmo gelo lá dentro. Só o balde não servia para nada. Abro aqui uma excepção a se por acaso a pessoa a quem foi oferecido o balde não tivesse penico em casa e, nesse caso, a coisa muda logo de figura.

Diz que o primeiro-ministro terá recebido, (agora vamos ver se isto passa na censura), um Decantador Herdade Prata. Mas um tipo sujeita-se a eleições, a ter a sua vida devassada pelos media e depois recebe um decantador? Eh pá... Realmente... Será que o Presidente de Republica seria presenteado com um decantador ouro? Isso será o expoente máximo? É uma coisa tipo Águia de Ouro no Benfas??

Descobri entretanto que há uma profissão melhor do que primeiro-ministro que é ser presidente da REN. Este leva uma fruteira sem asas mas que custou, aparentemente, quase 1900€. C'um caraças... 1900€?! Ora isto é para levar frutalá dentro? De que tipo, não pode ser pêra rocha do Oeste porque pode partir aquilo. O pior de tudo nem é isto da suposta corrupção, é um gajo pagar 100€ dele e nem as asas oferecem... Somíticos!

Canela

Oeiras, 19 de Março de 2010

O Esquecidinho

Escrevo agora como prova do título... Prometi a mim mesmo que ia fazer esta “crónica” uma vez por dia excepto fins-de-semana e em férias. Acaba por ser um bom exercício intelectual e, paramim, serve para provar aquela teoria que tenho de que, as pessoas adoram desculpar-se que não fazem isto e aquilo por “não terem tempo” o que acho que é uma desculpa miserável para não quererem tero trabalho de o fazerem de facto.

É claro que há um limite mas, esse está longe de ser o que as pessoas de facto pensam ser o seu, quando pasam 2 horas em frente a uma televisão que não faz nada pela vida deles! Nadinha, mesmo que seja uma boa programação. Saiam de casa e vivam! Deixem lá as séries e essa coisa toda que vos vai criar calos no rabo e uma cintura de gordura a que vão chamar calo do amor quando já nem se lembram do que isso é!

Ora bem, durante o dia de ontem tive 3 boas, (achei eu que eram) ideias e só precisava de ter assente isso num papel mesmo que fosse à falta de ter comigo permanentemente, meia dúzia de gadgets tecnológicos para poder ter uma alembradura das ideias que tive. Cheguei ao fim do dia com os 10 a 15 minutos que gasto nisto por ocupar e não me consegui lembrar do que tinha pensado.

Deviam existir comprimidos para isto!

Só vejo aqui uma enorme vantagem... e sim, eu tenho o irritante hábito de olhar para qualquer situação de olhar para quase todas as situações e tirar dali a parte positiva (até quando me assaltaram o carro duas vezes partindo o vidro e afins, roubando-me computador, telefone, GPS etc... Renovei a tecnologia toda e, ao mesmo tempo, por andar uns quilómetros sem vidros, saiu boa aprte do cheiro a tabaco que o carro tinha). Ora a vantagem é que, quando já estiver mais entradote, não tenho dúvida alguma que, mesmo que tenha Alzheimer, vou estar a pensar que sempre fui assim desde os 16 anos e que “não há-de ser nada”...

Canela

Oeiras 18 de Março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

O bailarino

Não há coisa que não tenha feito alguma espécie, não a mim apenas, mas a toda a gente, como seja a aparição de um tipo musculado e esguio num tipo de collants com corzinhas dando pulinhos e voltinhas, e notem bem os diminutivos para entenderem muito melhor oq ue fazem aqueles marialvas num qualquer palco. Ora, de facto não é a coisa mais máscula que se pode ver no mundo, para dizer a verdade, é das mais... vá lá... amaricadas que já tenho visto.

Após ter conhecido duas pessoas do sexo masculino que andavam nessa vida, e não estou com isto a censurá-los, pelo menos muito, não consegui entender muito bem de onde é que vinha aquilo.

Ora bem, acontece que há bem pouco tempo, no teatro Camões, finalmente brilhou sobre mim a luz do entendimento e consegui perceber oq ue faz ali um mamarrachão aos pulinhos e saltinhos, com ar divertido, com os genitais apertadinhos como se fossem alcatrão debaixo de um rolo compressor, de bracinhos esticados para o ar a fazer de princesa drag queen do Barreiro. E, claro está, o motivo só poderia ser o mesmo de sempre... Gajas...

Ora, não é que de repente dou por mim a perceber que o diabo dos 2 ou 3 pseudo-travecas tinham à sua volta, e notem que isto não abona muito a meu favor, por nunca ter reparado, p'raí umas 40 bailarinhas todas jeitosinhas, todas da mesma altura, atléticas e bem formadinhas, com um ar extremamente saudável, para eles levantarem, baixarem, porem a tiracolo?! Foi neste momento que perdi a inocência com que observava os bailados clássicos e percebi de outro ponto de vista a Branca de Neve e os Sete Anões!

Mas nem só disto vive um bailarino e tive o cuidado de anlizar as conversas da assistência onde, invariavelmente, poderemos encontrar colegas e futuros colegas de profissão a invejarem os que estão no palco. Mais uma vez me pude aperceber que há um certo e determinado jargão técnico que não domino e que,obviamente está feito na lingua mais mariconça que podemos pensar... o Francês. Isto não pode ser coincidência... Jêtê e não sei que mais.. a sério...

Canela,

Santo António dos Cavaleiros, 17 de Março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

A ventoinha

Hoje começo por escrever acerca de um dos objetos mais intrigantes que conheci, enquanto fui miúdo. Pensando melhor na coisa, ainda hoje, me fazem alguma confusão, algumas coisas que têm a ver com este diabólico utensílio que roda sem parar.

Ora bem, primeiro que tudo, há que pensar na funcionalidade de uma coisa destas. Como o próprio nome indica elas produzem vento o que nos leva logo a pensar que podiam ser uma solução óbvia para quando há falta de vento naquelas outras ventoinhas gigantes para produzirem eletricidade. Digam lá que não é genial? Metíamos uma ventoinha pequenina em frente de uma destas grandes. Como se sabe a pequena gastaria muito menos do que a grande iria produzir! Não?! Pois... se calhar não...

Uma coisa que me fazia alguma confusão era como diabo é que a ventoinha podia estar ali algumas horas, mesmo dias até, nalguns casos, meses, a rodar na mesma direção sem ninguém ir lá desenrolar os fios. Este mistério enorme foi desmistificado pelos meus vinte e poucos anos quando descobri que as ventoinhas afinal são wireless (sem fios)... Era tão fácil mas ninguém me explicou.

Com certeza já repararam que as ventoinhas de tecto são, na sua grande maioria feitas de um plástico a imitar palha e madeira. Reparem que isto não é por acaso e, a ideia de termos algo em palha a abanar por cima das nossas cabeças dá-nos logo uma ideia de frescura não é?

As ventoinhas são uma coisa tão intrigante que, que como os moinhos, não levam acento agudo no "i". Isto não é gozar com a malta? Então já não basta termos uma língua que, embora sendo derivada do latim soa a Russo mal falado a toda a gente, ainda temos que levar com estes filmes? Não há pachorra!

Canela

Porto, 16 de Março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Gente do Aeroporto

Como já deve de ter reparado, existe em cada cidade de dimensão minimamente considerável um país, (não cheio de côr como na abelha Maya, perdão... Maia) dentro do próprio país. A essa nação pseudo-garbosa e elitista chamamos nós, os "outros", aeroporto. Não é uma sensação de complexo de inferioridade minha. É uma constatação mesmo, senão, vejam...

Logo que entramos as portas do aeroporto, mesmo que sejam as das chegadas ficamos ligeiramente entorpecidos e quase que embriagados pela atmosfera contagiante daquela gente que usa fardas cómicas e com galões aos ombros. Não falo apenas dos pilotos mas de toda a gente que popula um aeroporto. Embora pareçam ter saído de um filme de desenhos animados, parecem estar encantados com isso e, na Terra do Nunca, as coisas correm sempre de feição ao Peter Pan. Pena é que, alguns tenham mais aspecto de Capitão Gancho.

Até as senhoras dos cafés, que estão antes da famosa revista anti-terrorista já usam de um jargão próprio e nos respondem, como se nos estivessem ali a servir o café e a fazer-nos um enorme favor ao mesmo tempo. Claro que tudo isto acontece enquanto pagamos o mesmo preço de um cozido à portuguesa, por um rissol de camarão. Os copos de água são servidos com um franzido de sobrolho e, é sugerida a garrafinha de água, coisa que, nós, os mais tesos e que compraram vôo low cost dispensam bem. Tenho sempre a clara sensação que estes cafés têm acordo com as companhias tipo Easy Jet porque, tenho a clara sensação, (embora nunca tenha confirmado) que já paguei o mesmo pelos cafés e croissants do pequeno almoço, do que pela viagem. Lá está, poupa-se no vôo para depois pagar à grande no pequeno-almoço. Mas quem é que se preocupa com isso? Afinal já estamos praticamente no estrangeiro e mesmo os mais tesos fazem vista grossa quando toca a pagar 8€ por um bolo rameloso com bom aspecto mas que só sabe a açucar.

Logo que vamos para os balcões de check-in após ter visto se o vôo está a horas e o número do balcão, olhando intensa e atentamente para o display que nos mete os olhos em bico com todas aquelas linhas.

Prestes a chegar ao balcão de check-in lá se nos deparam pela frente os eternos pinos que anunciam com uma cara simpática "faça fila aqui!" mesmo que não haja vivalma naquele sítio. Deste modo, podemos sempre andar 250 metros aos "esses" para percorrer os 3 metros e meio em linha reta que nos separavam da menina que faz aquel sorriso amarelado que bem conhecemos.

Lá está a moça, enterrada no meio de um balda de maquilhagem que meteu meio à pressa para chegar a horas ao trabalho e isso nota-se bem! Ali estamos nós com algumas 4 horas de antecedência para viajar, mal dormidos, (notem que isto é feito propositadamente para terem alguma vantagem sobre o nosso normal descernimento e capacidade de raciocínio) e começamos a ter aquele sentimento que aquela senhora, que introduz um código e tira um autocolante de uma impressora para colar na nossa mala, tem um qualquer poder sobrenatural e, qualquer olhar fora do normal e qualquer "...pois..." que dali saia, nos faz pensar que a nossa vida estará arruinada a partir dali porque a nossa mala tem 250 gramas de peso a mais ou, Deus nos valha, se a nossa bagagem fôr designada como "fora do formato". Ora, pergunto eu, que formato? Isso não podia estar escrito no bilhete ou coisa assim?

Não, tem que ser aquela senhora que tem mais base na cara que o Onassis tinha dinheiro que nos traz a boa nova e que, por causa de ter metro e meio de não sei quê e não sei que mais de largura e peso de não sei quantos, vamos ter de meter aquilo não sei onde depois de passar os seguranças e não sei que mais. Ora os seguranças de aeroporto estão convencidos que fazem parte da CIA, FBI e do SIS, ao mesmo tempo ou, por turnos! São mais uns com umas fitas em cima dos ombros que fazem ar de quem está na tropa e que são verdadeiros operacionais no campo de guerra. Olham para nós de queixo levantado, mirando-nos de alto a baixo, inspeccionam-nos os Bilhetes de Identidade, Cartões de Cidadão ou Passaporte com ar de quem tem um chip implementado nos olhos e que está a fazer uma digitalização permanente do que vê e em comunicação com uma qualquer central actualizada com a nossa informação. Até da côr e forma da roupa interior!

É gente de outra estirpe, é gente de aeroporto...

Amanhã há mais...

Canela

Lisboa, 15 de Março de 2010

Dia 11 e 12 de férias

Esta mensagem é só para me lembrar do motivo pelo qual não escrevi nada neste dia.No dia 11 meti cá uma mesagem porque já estava escrita.

Canela

Oeiras, 15 de Março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

O Copy Paste (copiar e colar)

Esta edição era para sair na próxima segunda-feira mas como vim de avião e já escrevi mais umas coisas hoje, excepcionalmente, mesmo de férias, e por ter acesso à net vou publicar esta :) Reparem bem no final... sem cópias hein?!

Poucas coisas foram criadas ao longo da existência da humanidade que tivessem tão tácita concordância como estas duas ferramentas. Acho que até aqui estaremos todos de acordo.

Bem, não seremos todos, todos, todos, porque, há sempre um senhor como o meu antigo vizinho do rés-do-chão, homem sabido da vida, com vários canudos em variadíssimas áreas, entre as quais o opinionismo que não estaria de acordo com os restantes. Traz-nos à memória os Sofistas, para os que se lembram e foram a essa aula. Os que não foram ou não se lembram, não se preocupem, há sempre vagas para trabalhar nas caixas das grandes superfícies por isso há-se sempre haver emprego para vós. Para os que não sabem o que são opinionistas, são aquelas pessoas que têm opinião forte e pronta acerca de qualquer assunto, nem que seja a vida sexual das lentilhas em menos de um "fórfo" (leia-se aqui um fósforo).

Para além deste alegre conviva, de quem naturalmente nunca ouviram falar, há outros que são comentadores políticos em vários canais e que, se tivessem o tema que dei atrás para discutir, não tenho ponta de dúvida que nos davam uma verdadeira lição ilustrada, qui sá com posições à laia do Kama Sutra das lentilhas. Explicar-nos-iam como se reproduzem e falar-nos-iam qual David Attenborough entre as folhas da longa evolução sofrida por várias tribos lentilhisticas que evoluiram de forma diferente, comprovando uma e outra vez o esfalfado Darwinismo.

Quando navego nesta parte esturricada e longinqua do meu cérebro, não me sai a imagem do Nuno Rogeiro com os aviõezinhos de plástico. Caraças, aquilo foi um momento de televisão para recordar. Felizmente ainda não se faz Copy Paste às pessoas assim sem mais nem menos senão estavamos lixadinhos à grande.

Tirando estes, estamos todos de acordo, (e mesmo que não, não vou adiantar mais esta parte sob pena de ficar excesivamente longa) e assim sendo, o copy paste, serve-nos a todos que é uma maravilha para as mais variadas funções.

Imaginem o que seria o mundo sem se poder copiar e colar... Era eu ter de escrever este texto logo directo no blogue. Muito bem, até aqui não se perdia grande coisa mas, já viram o que era termos de escrever e tornar a escrever uma e outra vez a mesma coisa, vezes sem conta, sem adicionar nada de novo? Ainda nos arriscávamos a entrar naquela coisa horrível chamada "cópia" que alguns professores, no tempo em que o podiam ser de facto, e aprendermos, por exemplo, a escrever como deve de ser. E digo eu, mas para quê? Sim, para que é que queremos escrever como deve de ser se temos o Flip, fantástico corrector ortográfico que nos permite ser uns cábulas a vida toda e, mesmo assim, fazer boa figura. E há outros... eu prefiro dar uma ou outra calinada dos meus dedos enormes neste micro-teclado, às vezes por ignorância e ir aprendendo desta e daquela forma, mas escolher – CORRIGIR TUDO é uma opção que não gosto de escolher.

Eu, cá por mim, conheço uma boa dúzia de pessoas em cargos de relevo que nem um e-mail sabem escrever como deve de ser. O Flip ajudava, mas eles não querem, o copy paste não ajuda, mas eles usam! Alguns nem uma frase quanto mais...

Já viram que até em diversas linguas o atalho que se utiliza para copiar e colar (CTRL+C e CTRL+V) é o mesmo? Até em sistemas operativos diversos? Terão por acaso reparado que podem sempre ir ao Editar e escolher essas opções ou ainda, com o rato para quem não gosta destas coisas dos atalhos de teclado ou de menus, dar um clique com o botão do lado direito e escolher Copiar e depois Colar.

Se alguém não sabia disto, nesta altura devo dizer que há uns cursos grátis da Microsoft para aprender mais rapidamente este tipo de funcionalidades e, para aceder a eles basta carregar em qualquer altura ALT+F4 ao mesmo tempo 6 vezes e depois meter os dedos húmidos na tomada onde está o vosso computador ligado durante hora e meia. Ao fim disto há-de aparecer uma página de internet (mesmo que não tenham acesso a esta), com muitas explicações acerca não só de informática como da vida em geral. Se virem uma luz ao fundo do túnel, estão no caminho certo, se não virem, está desligada por motivos de orçamento de estado.

Se nos recordarmos bem, algumas vezes na nossa vida utilizamos o velhinho copy paste do estudante. A cábula, que lembro-me de ir enrolada a lápis, por vezes entre dois palitos com um elástico que se fazia rodar para que novos textos e fórmulas aparecessem e refrescassem a memória, para concluir que afinal não se sabia muito bem o que fazer com elas. Nem como as colocar, nem como a usar em que alínea do teste. Uma miséria... Havia artistas da cábula, disso lembro-me eu. Eram tipos que tinham jeito para soluções criativas que envolviam cabelos compridos no caso das raparigas e, nos rapazes, meias mangas e elásticos esticados na palma da mão que depois recolhiam a 200 à hora.

Pela cara deles após as recolhas menos estratégicas e mais à pressa, via que aquilo era coisa para doer mais do que estar nas aulas a ouvir o que a professora dizia. Eu até experimentei duas sou três vezes em história usar cábulas por causa da minha péssima memória para datas. Sinceramente, tentei. Não consegui e desisti por causa de um ou outro pormenor como seja o facto de que qualquer coisa por mim manuscrita precisa de um manual de desencriptação para ser lida (a pena que eu tenho, a sério, dos meus profesores). Depois havia o facto de, embora a minha memória seja quase inexistente ao nível das datas, fui recompensado tendo uma memória visual fotográfica bastante boa e, como tal, ficava com o boneco das cábulas todo na ideia. Depois era complicado era conseguir "ler" o que visualizava. "Mas que raio escrevi eu aqui?!" era uma frase que me passava muito pela cabeça durante os testes.

Havia sempre o copy paste mais ou menos descarado durante o teste ou exame em si, (neste último a coisa piava mais fino mas fazia-se) e acho que o expoente máximo disto foi o grande Teles, repetente umas 324 vezes de todas as disciplinas no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho – originalmente, Liceu Feminino Maria Amália Vaz de Carvalho- que me sacou de um teste de contabilidade que fiz na sala de desenho no segundo andar, num estirador, e começoua copiar, ou melhor, a fazer um copy paste integral, melhor que os dos editores de texto fazem agora.

Como não sou e nunca serei bufo fiquei na minha vida, fiquei a fazer que fazia o teste, inclinado sobre o estirador e tudo e a fazer que escrevia até que o professor passou ali ao lado e me viu a, como dizer isto, pseudo-escrever.

Após ameaça de que nos seria anulado o teste o bom do Teles, que era cábula mas não crápula, deu o passo em frente e disse que tinha sido ele a copiar. Ora isto faz-me pensar várias coisas acerca deste episódio. Um, que eu era meio parvo por achar que o professor não tinha percebido, dois que o Teles era tão aprvo como eu por pensar o mesmo e, que, se eu pensasse bem nisso era impossível eu estar a copiar, (o que vem reforçar o ponto primeiro) visto não ter teste algum em cima da mesa naquela altura.

Bem sei que nestas coisas é mais fixe ser-se o anti-herói e que, se dissesse que era um cábula e contasse 2 ou 3 banhadas a coisa era capaz de ter mais piada para a maioria. O facto é que nunca o fui (cábula) e, nestas coisas, nem tudo é preto e branco e os carolas, nem sempre têm ar de tótó e nem sempre são os putos que se metem sózinhos ao fim do corredor. Nem todos somos copy paste daquilo que vemos nos filmes e séries que os americanos trazem, embora cada vez mais se queira que sejamos. Há mais do que louras lindas e burras, engenhocas com pinta de tótós. Felizmente na vida real, não se pode usar copy paste! Mas que dava jeito para algumas jeitosas que conhecemos, ai isso dava!

Canela

La Clusaz (França...eheheh prestes a esquiar), 11 de Março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Call Centre (Call Center)

Mais uma vez me deparo aqui com um nome que, à inglesa seria centre, bem escrito, (perdoem-me mas tive uma professora do ciclo de Inglês à séria, na altura em que os professores estavam lá para ensinar e não para dar educação às criancinhas) mas, como o que está a dar é o business English, passou a ser call center. Cá por mim podia ser um centro de apoio ou um centro de atendimento, ou de chamadas, como queiram porque isso, de nada importa e, assim como assim, nenhum destes corresponde à realidade. O que interessa é que, não mudo o título!

É isso mesmo! Quando se pensou nisto, originalmente, o que se pretendia fazer era implementar algo que gerasse um melhor atendimento ao cliente e, consequentemente, gerasse uma maior fidelização dos clientes o que traria maior retorno e blá blá blá...

Ora, quanto mais vejo o que estes centros eram suposto ser, menos consigo ver na realidade onde isso se aplica. Já ligaram para um? Vejam lá se não é genial ter todo o apoio do mundo através de uma linha telefónica onde temos milhentas opções, em que se deixarmos passar uma opção porque não ouvimos bem, por vezes temos de ouvir a mensagem até ao fim para podermos voltar atrás, onde nos é pedido para dizer sim ou não e mesmo quando dizemos que não, reparamos que a resposta da voz disparada por aquela máquina, é como se tivessemos respondido que sim! É que o problema nem sequer é com as máquinas. Quando o operador atende é que são elas...

Estes operadores altamente qualificados que têm uma rotatividade de 1323% ao ano, ganham somas fantásticas de dinheiro que, por vezes podem atingir o ordenado mínimo para estar ali a atender chamadas com pausas de casa-de-banho controladas ao segundo. Espera-se deles que sejam magos da informática na óptica do utilizador pelo menos e, que tenham solução pronta para qualquer situação. Devem de ser licenciados para poderem ligar a alguém e fazer perguntas ou dar algumas respostas.

Claro está que, com tudo isto, o que obtemos é uma série de pessoas que atendem o telefone e sentimos que precisam da nossa ajuda! Não há muito tempo que perguntava a uma moça uma coisita da ligação à net da Vodafone que, coitada, empenhada em ajudar, lá pediu para aguardar um momento e depois agradeceu o tempo que estive à espera (está tudo escritinho num computador à frente deles para o caso de se esquecerem). Sinceramente que fiquei com pena da miuda porque, acabei por lhe dar a resposta porque entretanto, lá me ocorreu o número que havia de ser marcado para aceder ao serviço de dados. Percebi nessa altura que a rapariga, coitada, só percebeu do que estava a falar quando lhe dei a resposta.

Qualquer um que tenha algum serviço da Cabovisão, por exemplo, sabe perfeitamente que não vale a pena ligar para o suporte técnico porque temos que ter pelo menos uns bons 15 minutos para nos atenderem a chamada e, logo a seguir a isso, temos que validar a nossa identidade o que entendo perfeitamente. Mas, vá lá, são 8 da noite, estou a ligar do meu número que foram eles que me deram, quem será que sou eu? O meu vizinho do lado que entrou subrepticiamente na minha casa e se abarbatou ao telefone e teve um incontrolável desejo de ligar para as avarias da Cabovisão?! Vá lá... tenham dó.

E o PIN inicial que os sacanas dos operadores insistem em perguntar-nos sempre que temos que validar a nossa identidade?!?!? Uma pequena palavra aqui aos senhores da Vodafone, TMN, OPTIMUS e todos os outros...como é que vos hei-de dizer isto?!... EU NÃO ME LEMBRO!!! Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe! Era o que mais faltava era que, eu, que não me lembro por vezes bem do apelido da namorada (não vale gozar, andei uns tempos enganado e tudo), tenha de saber o raio do PIN inicial. E que tal, sou só eu a pensar alto hein, usarem uma cena tecnológica qualquer para quando a gente muda o PIN ficarem com essa informação?! Era mesmo muito fixe não acham? É tão simples que é quase genial! (Para os que ficaram a pensar naquilo do apelido, não se preocupem, ela também ainda pergunta com ar de espanto "Sim?!" quando toco à campainha). Façam um esforço.

Ainda um destes dias marquei o número de um call centre de um hotel onde me pediram tanta informação acerca de mim que, estava convicto que, ao chegar ao meu quarto, encontrasse uma réplica do meu próprio quarto baseado na opinião de vários profilers e com uma equipa de construção civil apostos para entrar em acção logo que eu começasse a falar. Acredito piamente que, com o avançar dos anos chegaremos mais longe que isto. Ah, o quarto cheirava mal quando lá cheguei, depois mudaram-me para uma outra suite que não tinha vista mar como tinham anunciado. Segundo a menina da recepção, nao havia suites com vista mar naquele hotel mas o que paguei foi exactamente por isso. Lá tive de perguntar como é que cobra uma coisa que não têm e, após 3 ou 4 vezes de pergunta e resposta que me trouxeram à memória aquele filme do Hitchcock (acho eu) em que todos os dias era o mesmo dia, lá me fui embora. Percebi que esta senhora tinha uma grande carreira à espera num Call Centre e está ali numa recepção a perder-se. Uma tragédia!

Depois há o Call Centre ao contrário - e não, não me refiro a mensagens encriptadas escritas ao contrário para que depois digam que é uma mensagem do Demo, (se escrevi Ele com maiúsculas aqui há umas edições, o Demo também tem direito, coitadito) e que uma trupe de senhoras de meia idade de Francilhões de Rebimbeirão me façam a folha – em que são eles a fazer a chamada. Esses sim, são de bradar aos céus porque ligam a qualquer hora a oferecer isto e aquilo, com brindes e o diabo a sete. Malfadados os que deram o seu número, (ou que não deram algumas vezes) e têm a sorte de serem bafejados com esta companhia salutar.

Há aqui uma sugestão que eu quero fazer, se há pessoas da terceira idade que sofrem desse flagelo que é viverem sózinhos, que tal darem os números de telefone dessas pessoas? Os tipos que telefonam até podem conseguir vender alguma coisa e os velhotes agradeciam com certeza. Alguns até pagavam para lhes ligarem!! Uma ideia que já há algum tempo tive foi a de criar uma rede social para velhotes, com o apoio de um operador telefónico.

Imaginem um Facebook para a 3ª idade onde podiamos escolher através de um daqueles aparelhos que pedem para marcar 1 caso queiramos falar com alguém do Norte, 2 para o Centro e 3 para o Sul e assim sucessivamente até acharem alguém com o perfil desejado.

Acho que isto era evolução da boa, os velhotes gastavam uma pipa de massa em chamadas e ficavamos todos contentes. Com um bocado de sorte, podia ser que até os tipos dos call centres apanhassem as linhas de tal modo congestionado que não conseguissem fazer chamadas. Se conseguissem, que fosse para um hotel que eu cá sei...

Canela

Amadora, 10 de Março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

O penso higiénico

Como ontem foi dia da Mulher, não quis deixar de apresentar aqui o devido tributo ao género mais perfeito desta espécie. Ao ser mais misterioso e belo que foi criado a partir de uma costela ou de átomos de Hidrogénio. O que importa é que a esse ser chamámos mãe e, por isso só merece toda a nossa consideração, respeito e amor sem limites!

O pior está para vir...

Devo confessar que apenas aos 9 ou 10 anos descobri o que era a menstruação e apenas a conheci por esse nome durante 3 ou 4 anos. Foi o meu primo António Pedro que me explicou assim sotto voce (a meia-voz para os coralmente incultos) que "...a coisa, estás a ver, durante... pá, uns dias, pronto,.... coiso pá, tás a ver ou não?!?!"

Fiquei parvo e julguei que ele estivesse a fazer pouco de mim pois era o mais novito que ali estava e não podia acreditar em coisa tão maluca e estapafúrdia. Pois bem... era mesmo verdade! Aparentemente os mamíferos têm destas coisas e percebo que ele ficasse meio trôpego a explicar-me estas coisas com aquela idade porque, entretanto, já tentei pensar como explicar a um miúdo de 10 anos que me perguntasse o mesmo e acho que era: "...a coisa pá...'tás a ver né? Uns dias pá, coiso!"

Penso que assim me sairia bem melhor que o meu primo que hesitou mais e não usou da capacidade de síntese que eu tenho. Esclarecedor?! Isso é que já não sei se seria.

Apenas aos 13 tive a chave a estes maravilhosos termos que são, o período, o chico, o meu amiguinho ou ainda o sempre fabuloso, "quando o Benfica joga em, casa"! Até nestas coisas o Benfica é um clube do povo! Genial mesmo. Pergunto-me até se terá sido o tio, (tio é um termo carinhoso, claro) Oliveirinha, o tal que tinha o Sol a dar, nos idos tempos da outra senhora que terá contribuído para isto ou, se, por ventura, isto terá sido algo criado por um qualquer posto superior do exército sem medo que, à sua custa tenha implementado tal expressão.

Aqui podemos padecer de algumas dúvidas mas, há uma coisa que não duvido em absoluto. Estar com o período é uma coisa fantástica. Penso que serão os melhores 4 ou 5 dias do ciclo de 28 dias de qualquer mulher que tem a sorte de ter o privilégio de ter sido bafejada com tão boa-aventurança. Não tenho dúvidas porque já vi vários anúncios a pensos higiénicos e, se podem vestir branco, se podem andar de bicicleta, se encontram tartarugas e lhes perguntam como vão para a Conchichina e elas respondem, se se rebolam na relva vestidas de branco e vermelho em formosas coreografias que explodem de alegria quando se juntam com a forma de um penso higiénico, sempre de sorriso em riste, belas, bem maquilhadas, cheias de vigor e energia, então só pode ser do melhor que há no mundo e arredores.

Depois ainda há os tampões que têm um divertido fiozinho com instruções de utilização que, estou certo, foram lá colocadas para os homens mais curiosos como eu, para que os que têm blogues com estas parvoeiras possam investigar. Aprendi no entanto que em três marcas de tampões é preciso ter um bidé para o colocar pois, todos os 3 produtos tinham no desenho que indicava a posição da perna, o apoio feito num bidé. Finalmente entendi para que servia o malfadado objecto sempre omnipresente na minha vida.

Os modelos já abundam de tal forma que há modelos tanga e, para breve, o modelo fio dental irá aparecer onde se irá prometer absorver até 4 vezes mais com um penso que, terá 1 centímetro de largura com 10 a 12 de comprimento. Vão-se vender em caixas tipo pastilhas elásticas e ser um sucesso. As caixas serão multicolores em rosa-choque, azul céu e verde-alface. Haverá ainda um modelo para as tias, com caixa em fucsia. (Diz que é uma côr...).

Se isto fosse um produto masculino eu quase que aposto que já havia em azul e vermelho anodizado e era anunciado em modelos GT, com TdCI de retroação directa e com árvore dupla de cames à cabeça. Giro este jargão meio "auto", que me fascina embora eu e os outros que lêem estas e outras linhas também não mas, isso é o que menos importa nestas alturas. Há que fazer aquele ar de quem diz "Hum... " de mão no queixo e voz suave, qual anuncio da TV, quando na realidade o que se queria dizer era " Hum?!?!" com os olhos arregalados e com a voz bem esganiçada a coçar o alto do cocoruto.

Tentei investigar e aparentemente não há muito mais soluções para isto, (sem contar com a antiga toalha turca que é do tempo das outras senhoras, ou talvez destas ainda, as mais experientes – chamemo-las assim porque velhos são os trapos – que alguns de vocês ainda se lembrarão). Nunca tinha entendido muito bem de que eram aquelas toalhas, meio encharcadas em sangue que iam para lavar quando era mesmo puto charila.

Concluo que, apesar de novas marcas terem aparecido no mercado, não tem havido grande evolução a nível destes produtos sem ser ao nível do material que, é tão absorvente hoje em dia que, se alguém calha de entrar no Mar Cáspio com uma caixa de Evax para alturas de grande fluxo mais dois tampões, este é rapidamente sugado e desaparece em minuto e meio. Claro que tinha dado jeito agora para as cheias na Lezíria mas, a protecção Civil não pode fazer tudo. A título de nota adicional fica aqui para memória futura (rico termo, caraças!!) que, a referência ao Mar Cáspio nada tem que ver com a situação clínica do couro cabeludo da cabeça! Há sempre um imberbe que se põe a ler isto atravessado e não queremos confusões.

Com isto tudo, as mulheres que conheço que ficam mais precisadas de um carinho, ou mais irritadiças ou mesmo à beira de um ataque de nervos por estarem com o período são com certeza uma pequena minoria, que não usa o penso higiénico ou o tampão certo porque, se o usassem, a sua vida era muito melhor, andavam de bicicleta, vestiam branco, encontravam tartarugas e, no liceu, não perguntavam às colegas da fila de trás para repararem se viam alguma coisa, quando se levantavam ao fim da aula, por estarem a usar um penso higiénico!

Canela

Amadora, 9 de Março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quilómetros sem fim

Da última vez que escrevi aqui, sexta-feira passada, falei das áreas de serviço por um motivo. Faço muitos quilómetros (em particular na auto-estrada) e como tal tenho oportunidade de visitar o país de lés a lés no espaço de 15 dias.

Ora se se costuma dizer que Deus está em toda a parte, Mário Soares já lá esteve, podem acrescentar, eu passei lá perto faz duas semanas. Claro que, à parte que me toca sou o menos viajado dos três, mas isso tem um motivo óbvio, o primeiro pode ou não existir e, a existir, não tem um blogue no qual Ele escreva (mantenho o E maiúsculo para, não vá dar-se o caso de ele existir mesmo depois ficar especado para toda a eternidade, lá por Ele ter ficado lixado Comigo por causa disto -pus o Comigo em letra maiúscula pois se Ele tem direito e somos todos iguais...) e, por o segundo ser um produto de ficção científica partidária. Mas eu, ou alguém no seu total juízo, alguma vez acredita que um tipo que tem idade para estar em casa de pantufas, ia entrar numa corrida presidencial? Nem pensar!!! Ainda por cima sabendo logo de antemão que ia perder.

Mário Soares é para mim como é para algumas pessoas a ida à Lua do homem. É ficção! Devo confessar que o personagem é muito bem criado no entanto.

Bem, feita que está a introdução ao tema vamos lá desenvolver a coisa. Andar de carro ainda por cima sozinho, grandes distâncias, num ligeiro é uma coisa que pode ser encarada de várias maneiras mas, como para mim há que contar com o melhor que nos pode aparecer, pesem embora algumas propriedades menos positivas disto, a contabilidade é francamente positiva. Se não fosse o facto de isto fazer esticar algumas peles da anatomia humana, era um sonho mesmo.

É por isto que acho que os camionistas (que fazem muito mais quilómetros que eu) deviam de ser senhoras. É que há partes da anatomia masculina que sinceramente não foram desenhadas para andar sentado num veículo automóvel por quilómetros sem fim. Nem precisam de fazer muitos quilómetros para constatar isso os leitores masculinos. Lamento não ter feito o test drive a como seria ser incomodado por uma fita de tecido semi-rigida apertando-me os peitos com o tamanho de uma laranja pelo menos mas, podia passar por alguém que me conhecesse e decidi não arriscar.

À minha parte apenas me queixo quando algumas partes do corpo masculino que deveriam estar orientadas para a frente (os denominados tim-tins), de repente começam a sair das calças perto das costas. Aí sim, concluo que realmente já estou a fazer uma distância superior ao normal.

Isto é de tal maneira que há inclusivamente gente que conheço da auto-estrada. Juro! Já tomei café com um "colega" do asfalto em mesas diferentes numa estação de serviço de auto-estrada na A1 e conhecemo-nos dando um implícito bom dia com a cabeça! Como é que o conheço?! Em vez de ser pela roupa é mesmo pela carrinha que é cinzenta e tem uma moça curiosa atrás. Acho que já quase que conheço a matricula de cor.

Acompanhado da minha música e de alguns programas de rádio feitos por pessoas que passam quase o mesmo tempo comigo que uma boa parte da minha família, alguns deles até mais, um tipo habitua-se com facilidade a esta vida e, por vezes, tende a esquecer-se que não está em casa. Já troquei de roupa no meio da segunda circular por necessidade pura de não aparecer de fatinho e gravata. Essa segunda circular mesmo. A parte mais complicada de tirar são os sapatos porque, os pedais do carro assumem de repente um ar bem mais rijo do que aquele ar fofinho e meigo a que estamos habituados. As calças implicam também uma boa dezena de saltos e, garanto-vos, a malta vai tão alheada nos carros ao lado naquele pára e arranca que ninguém reparou que trazia os meus boxers vermelhos com o cãozinho. Uma pena porque são um estouro!

Ainda há aquelas alturas em que molhamos as calças de ganga até aos joelhos na praia por vir lá uma onda maior do que o normal e, naturalmente, o que fazemos de seguida é conduzir a A22 toda de cuecame com os jeans em cima do tablier para poderem secar até chegarmos ao Hotel. Se fôr num dia de Carnaval até que nem tem grande problema porque se a Polícia mandar parar, ninguém leva a mal. O pior é no resto do ano... Não é que me tenha acontecido... não... contou-me um amigo que podia acontecer...sim... foi isso mesmo...

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 8 de Março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

A área de serviço

Um dos flagelos do século XXI é sem dúvida alguma aquilo que de uma maneira comum nós denominamos a área de serviço. Ora, para além da função básica de abastecer o veículo de combustível, uma área de serviço é muito mais que isso.
Assim, divido a área de serviço, em dois tipos, a área de serviço comum e a de auto-estrada. Estas são como um conjunto matemático que é contido um dentro de outro porque a área de serviço comum está de facto contida na de auto-estrada.
Porquê? Porque a comum é composta de uma parte ultra-condensada onde podemos encontrar as promoções que nos fazem ganhar pontos e, se tivermos um cartão para tal com a marca da gasolineira onde podemos até, ganhar prémios como uma fantástica torradeira ou um carregador de isqueiro para telemóvel com 500.000 pontos. O prémio é recebido na própria bomba 6 meses depois. Um hábil truque para dessa hora em diante passarmos sempre lá a perguntar se o brinde já chegou ou não.
Daqui tiramos que, após gastar sensivelmente o mesmo combustível que um petroleiro transporta ou NASA gasta no lançamento do Space Shuttle, então somos dignos de ganhar algo como um leque para as noites quentes de verão. Para ganharmos uma ventoinha são os 500.000 pontos mais uns euros e a coisa compõe-se porque a própria marca sabe que, mesmo os camionistas e as empresas de camionagem, utilizando combustível dia e noite, jamais conseguiriam os pontos necessários para a ventoinha ou mesmo um kit de ferramentas plásticas e, assim sendo, dão a oportunidade de acrescentarmos uns euros e conseguir o ambicionado prémio.
Uma das partes da "bomba" é o expositor onde podemos encontrar pérolas da imprensa escrita como a Maxmen e a FHM, a auto-hoje, auto-amanhã e afins... Aqui encontramos de facto contornos de um verdadeiro serviço público, ao ser disponibilizada tal imprensa, livre de custos, para consulta. Se entendermos este ponto bem, é fácil perceber porque a ventoinha tem que valer 500.000 pontos e, melhor ainda, porque ninguém se queixa disso.
Tenho alguma dificuldade em descrever a próxima parte porque é um ponto "meio-comum"... Ora uma coisa ou é comum ou não é, pensava eu inocentemente antes de começar a escrever isto. De facto há coisas "meio-comuns". Reparem que, tendo uma zona de café (cá está a parte comum) há uma diferença entre as áreas de serviço comuns (agora bem vistas as coisas, o nome "comum" não foi muito bem consguido mas agora também já não vou mudar não é?)... Essa diferença tem a ver com a pessoa que se encontra a atender atrás do balcão (o que faz com que passe a ser "meio-comum", brilhante, não?! Vá lá, façam um esforço!
Se repararem bem o tipo de pessoa que está atrás da comum, e aqui falo da área de serviço, é uma pessoa afável que nos mete o açucar e a colher, de metal, no pires do café, dá-nos um guardanapinho por debaixo do bolo que pedimos, diz obrigado a olhar para nós e sorri com um ar pelo menos mais ou menos genuíno.
Na auto-estrada isto é uma miragem! Os bolos estão aprisionados dentro de fortalezas de Glad, (e só digo Glad, não por gostar mais desse, até por ter a certeza deles usarem outro tipo de papel plástico que custa muito menos e de pior qualidade, é porque é o único que conheço pelo nome) ali presos sem poderem respirar, os coitadinhos. Mete-me sempre dó observar como croissants e queques passam ali as manhãs amorfanhados e sem se poderem mexer fazendo olhinhos bonitos ali a quem passa como que dizendo "Papa-me, leva-me daqui para outro local melhor.", desconhecendo no entanto que, começando o proceso de serem comidos, o seu futuro mais que certo é,.... bom... adiante...
O café aqui é-nos servido com uma chávena em cima de um pires, sem açucar e as colheres são de plástico para dar aquele travozinho que tanto gostamos pela manhã. Somos nós, sim, o cliente, que vai andar dois metros para o lado em busca do pacote de açucar da miserável colher. Não tarda nada, vamos começar a ter um corredor para o café (sim, porque na auto-estrada não há fila de pré-pagamento para o café) onde iremos moer o café, dar duas bombadas de café do moinho para dentro do crivo de café e carregar nos botões para tirar a famigerada bica. Isto sob o olhar austero dos funcionários da área de serviço que me lembram sempre os carrascos em época de revolução prestes a pregar com um machado ou um aguilhotinada em cima de alguém. Depois de tudo isto, à saída, e por motivos ecológicos que têm a ver com a pegada de carbono, iremos plantar um pé de café que vem embrulhado num saco plástico que depois podemos mandar para o chão quando sairmos da área de serviço.
Mas, a grande diferença da área de serviço de auto-estrada prende-se com uma parte da loja, maior ou menor é certo mas que, surpreendam-se está lá sempre. Sempre, sempre, sempre.
A área dos peluches e souvenirs! Ora esta área faz tanto sentido a meio de uma auto-estrada como pagarmos IVA em cima do imposto automóvel quando compramos um carro. Pergunto eu; Quem no seu juízo perfeito vai a Pardilhó utilizando a auto-estrada e compra para um ente querido seu um peluche ou um CD? E mais, vamos admitir que até temos uma vontade incontrolável de o fazer, qual a dedicatória de tal lembrança? Comprado na A1 a caminho de Pardilhó?
Canela
Leiria, 5 de Março de 2010

Shampoo (Champô)

A questão do shampoo começa logo realmente no nome, porque deixei de saber escrever o nome do produto há alguns anos, mesmo antes de ter aparecido um certo e determinado acordo ortográfico que fez com que, vá lá, os 300.000 emigrantes brasileiros – e é uma gente bem catita, nada contra e muito a favor – passassem a saber escrever bem mais que eu na lingua de Camões.

Isto deve-se sobretudo aquela maravilhosa regra, nem sempre implementada pelos agentes comerciais deste belo jardim à beira-mar plantado, de que todos os produtos têm de estar apresentados em português (mesmo que seja importado de terras de Vera Cruz). Claro que é dispensável dizer que, após o acordo ortográfico fiquei um bocadinho mais perdido e, pior do que isso, com o número de miuditos que dão calhauzada no Português na escola e, com a vontade férrea que toda a gente terá um canudo universitário em Portugal daqui por uns dois ou três anos, esta lingua encantadora cheia de regras estranhas e parvas, lá vai tendo de ser mudada para que os parvinhos que não sabiam escrever a palavra história, possam também escrever estória nalguns casos e que isso não seja um erro.

Para breve está a generalização do vocábulo estória para que seja à escolha do freguês o usar de uma ou outra palavra podendo também, num futuro bem próximo, ser substituida a palvra por ratapimbalhela ou outra qualquer que a malta insista em escrever mal muitas vezes. Há que ser práctico nestas coisas.
Mas disto não reza o Shampoo ou Champô ou ainda Champu (ou qualquer uma das variantes que queiram escrever através de sorteio randómico entre as sílabas da palavra) para o que escrevo hoje. Falo deste produto por causa de um outro ponto que é um mito urbano e que fala do Lauril Sulfato de Sódio ou LSS, (assim em sigla faz lembrar uma droga vinda dos anos 70 tipo LSD) e pode ser que até arranjem uma canção dos Beatles que tenha as iniciais do Lauril Sulfato de Sódio para fazer mais uma escandaleira disso. Desde que venda jornais e faça parangonas nos telejornais nacionais, por mim tudo bem, a malta hospitalizada tem que ter com o que se entreter e os comandos remotos com a função de mudar de canal já estão disponíveis em quase toda a parte.
Ora acontece que este produto, que vem mencionado num e-mail supostamente informativo está um pouco por todos os shampoos do mercado ao contrário do que nos indica o dito e-mail. Não vou, por bacocquice parva estar aqui a auspiciar trazer à luz se, como é indicado, o LSS (hummmm, falando dele assim até lhe confere algo de carinhoso) é cancerígeno ou não. O facto, meus amigos, é um só...
Faz falta para fazer espuma!
Eu acredito que estamos cientificamente cada vez mais avançados mas, há uma parte retrógrada em mim que grita por um banho com espuma e tudo o que isso traz associado nas mentes mais perversas como a minha. Desculpem lá, mas a vida tem disto. E depois, um banho seco como é que é ? Não tem água? Pelo menos tem a vantagem de quando faltar a água não sairmos do banho sempre com os olhos semi-cerrados.

Sim, porque a água falta quando temos o corpo ensaboado (ou ensabonetado, conforme queiram) e a cabeça com carradas de espuma (de LSS, digo eu). Se fôr o gás a faltar ou a acabar a mesma e intrigante Lei de Murphy parece que também se faz valer.
Descobri entretanto no que eu posso apenas determinar como uma arcada de pensamento de génio que o Shampoo engorda!! É verdade minha gente. É verdade e é modesto!
Reparem bem para ver se não tenho razão... É sabido que qualquer anuncio de shampoo hoje em dia na televisão faz referência a pelo menos 2 frutas. Ele é laranja/limão, uma combinação clássica ou então decidem tirar as propriedades benéficas de cada uma das frutas.
O que pergunto é...então mas ficam com a suavidade da laranja e o aroma do limão? Como raio é que seres humanos tiram o odor do limão??? Arranjam um aparelhómetro para aspirar o ar quando abrem o limão e sopram para dentro dos frascos de shampoo? É que se assim não fôr, como é que não fica lá o cheiro da laranja? É que se fica, eu conheço muito boa gente que lava as mãos fervorosamente para, e passo a citar "...não ficar com este cheiro nas mãos!" Ora, pergunto eu, a laranja cheira mal nas mãos mas no cabelo não? Será por ser misturado com o LSS? Coisas que me confundem.

A continuar assim vai aparecer o shampoo com cheiro a sardinha assada para a alturados santos populares e (perdoem-me mas aqui tenho a patenet registada da qual falarei mais tarde, o iogurte de peixe-espada preto). Adiante...
Alguns referem ainda citrinos e falam até de plantas várias, como o Aloé Vera e outras. Pergunto eu de novo. Mas aquilo é para lavar o cabelo ou comer depois de almoço tipo sobremesa? É que se é de sobremesa, já há a salada de frutas e assim escusam de pôr LSS para fazer bolhinhas, a menos que ofereçam uma escova de dentes com o Shampoo e depois da sobremesa lavamos logo directamente a boca.
Bem, a conclusão da engorda vem obviamente daqui... Como poderão certamente observar, em todos os restaurantes, os tipos gordos estão sempre a comer sopas, saladas, frutas, vegetais e outras porcarias que tal que, observando quem as come, só podem engordar de sobremaneira, contrariamente à aletria, por exemplo, que é extremamente salutar e, deste modo só posso finalizar dizendo que o Shampoo de frutas engorda! Com ou sem LSS, com ou sem acordo ortográfico.

Canela

Lisboa, 4 de Março de 2010

O Bule de Chá

Uma das coisas que me faz alguma confusãozinha, e escrevo no diminutivo para que a coisa tenha menos impacto do que na realidade tem em mim, é o diabo dos bules de chá que os cafés, um pouco por toda a parte insistem, ou não, em usar.

Digo ou não porque, se todo o apreciador de chá que se preze, como eu sabe que ao pedir “Um chá faxavôr!” estamos a pedir um bule com um cordel molhado (sem o cordel a coisa perdia metade da piadae não tinha aquele tempero que tão bem conhecemos) e uma saqueta de umas ervas meio secas que não sabemos muito bem o que são mas, tingem a água quente com um tom qualquer e, nalguns casos até dão um cheirinho (mais ou menos) agradável. Ora é claro que, esta extasiante experiência nada tem que ver com uma triste e patética chávena de chá, esta que só existe, pelo menos no meu imaginário, dentro de portas de uma residência familiar e só pode ser empregue -estou certo que há legislação acerca disto revista pelos mais doutos revisores de legislação como seja o Dr. Freitas do Amaral (nada contra o senhor mas o nome dele continuava a aparecer-me na cabeça desde que comecei a escrever acerca do chá lá em cima) – na companhia de familiares próximos como sejam, mãe, irmãos, tias e afins. E, mesmo neste caso, só pode ser bebido se fôr fervida a água em chaleira de litro ou mais e depois filtrado por um passador (instrumento que era utilizado na idade média para torturar as virgens dos castelos a arder (e apenas nesse caso)) e servido em chávenas em que, por mais limpinhas que estejam, têm sempre algo que limpamos com a mão mesmo antes de deitar o dito chá. Ora isto nem sempre acontece nos cafés e pedindo “Um chá faxavôr!” arriscamo-nos a levar com uma triste e decrépita chávena de chá!! Um ultraje, quero aqui deixar patente este flagelo mundial que, por mais jornalismo de qualidade que tenhamos hoje em dia, ainda não foi denunciado, talvez pelo facto de ter sido censurado ou por ter sido investigado no mesmo dia em que um outro qualquer caso mediático no dia em que esta peça estava para sair pelo menos nas 3 televisões que emitem em canal aberto.
Bom, até aqui a coisa vai muito bem, mas o que me fez começar a escrever acerca do chá foi o facto de os bules de chá estarem estrategicamente desenhados para entornarem e fazerem de um hábito bem educadinho e social uma verdadeira porcaria numa qualquer mesa deste país. Ora bem, já repararam na ponta daquilo??? Sou só eu que entorno aquilo por todo o lado menos o diabo da chávena ou há mais como eu que clamam por um nova ergonomia aplicada aos bules? Ou será que é suposto eu beber por lá e nunca ninguém me explicou? É que se é isso ando aqui enganado há uma carrada de tempo. Depois há a ter em conta que, ao longo dos anos, tentei as variantes aplicadas ao bule de chá na modalidade de tampa aberta, tampa fechada, de lado, pelo bico, com a chávena a 45º, quando chove apenas, com alinhamento de 2 ou mais planetas...bem...o facto é que é impossível conseguir entornar aquilo sem fazer daquela mesa uma pocilga.
Ainda há o pormenor dos pseudo-bules que são o bule com todas as desvantagens associadas às chávenas e aos bules. Parece complicado? Não é! Basta pensarmos que queremos um bule para podermos encher várias vezes a chávena,e a mesa, a cadeira, a nossa roupa e a echarpe e casaco da senhora da mesa ao lado de chá. Ora aqui há que pensar que se o bule algumas vezes não tem tamanho para encher uma chávena e, como tal tem a desvantagem de ser pequeno como uma chávena com o defeito de queimar mais os lábios ao ponto de podermos ficar com as pele e os compeed agarrados ao bule! A não experimentar! Tem ainda os defeitos que já disse que os bules têm.
Ora com isto concluo que há aqui uma espécie de “arranjinho” entre os donos dos cafés e quem produz artigos metálicos para hotelaria. Quando me lembro que, cada vez mais os cafés estão munidos de video-vigilância mesmo que não regularizada pelos senhores da protecção de dados, mais estou seguro que estes aparelhos estão lá apenas para fazer de nós, os chá-buleiros (o nome clássico para od que gostam de beber chá por um bule) alvo de chacota, proporcionando raros e belos momentos de rega-bofe para os animados convivas que se encontram à noite em cafés underground a que apenas estas duas classes têm acesso que se divertem as nossas expensas.
Para que não pensem que estou aqui apenas a levantar uma lebre e a não sugerir uma solução para este drama que nos afecta mais directamente que a 13ª correcção ao orçamento de estado, aproveito para sugerir que hajam nos cafés umas bombas de sucção (se não estão a ver o que é, visitem uma sex shop qualquer, há uma ali em Ayamonte que tem umas que davam para o chá) para que possamos com duas ou três bombadas encher a chávena sem fazer, vá lá, o mesmo que quatro porcos num palheiro (sim, num palheiro, imaginem lá a ver se não se faz uma porcaria imensa na mesma).
O aroma continua amanhã!
Canela
Oeiras 3 de Março de 2010