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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os Headfones

Recordo com algum carinho os primeiros fones que tive no início da década de oitenta por serem uns autênticos trambolhos.Eram mesmo umas coisas disformes que tinham um duplo propósito, pelo menos no inverno. Serviam para ouvir música e aquecer o orelhame que ia frio e regelado do tempo. Claro que o preço desta comodidade era paga logo que se acabava Fevereiro e suávamos intensa e odorificamente das orelhas até ao mês de Outubro, quando o tempo parecia querer amainar.

Então, para além de termos mudade de Walkman para Discman, mencionando os da Sony que só tive mais tarde porque eram estupidamente caros e sinceramente não valiam o dinheiro, mudámos também a dimensão dos headfones e passámos daquelas colunas com 4 centímetros de diâmetro que eram tão discretas quanto um pinguim no Botswanna, para os fones “in era” que é uma expressão anglo-saxónica para “dentro do courato”.

Fabuloso! Quando isto aconteceu pensei sinceramente que não iamos evoluir muito mais que isso até que , vinte e tal anos mais tarde dou com os putos no meio da rua com umas almofadinhas de couro que são mais quentes do que as famosas almofadas de esponja cinzenta que populavam os fones que referi atrás.

Lá vão eles, todos contentes, a meio de um Agosto que bateu recordes de temperaturas, e por cima, já agora, com quarenta e cinco ou quarenta e seis graus na Amareleja. Já nem falo destes habitantes que devem de ter headfones em gelo para o verão mas, pelo menos, aqui por Lisboa onde o mercúrio batia por cima dos quarenta graus e o ar condicionado de um carro gama média-alta ligado no máximo, não era suficiente para impedir que nos sentíssemos menos bem com a temperatura!

Se isto é moda, ele há modas... que doem muito a quem a quer usar!

Por outro lado, a própria palavra headfone é na realidade um estrangeirismo de headphones que os nossos amigos brasileiros traduzem como fones de ouvido...Esta é uma boa tradução e, para provar a excepção, é melhor que o original. Esta refere-se a onde metemos os fone ao passo que o literalmente traduzido original seria fones de cabeça.

Talvez este último termo tenha mais que ver com os idos tempos (ou não) das almofadas que não deixavam sequer ver os ouvidos e como tal teriam mais sentido a colar o seu nome ao orgão que ainda era visível, por pouco, que era a cabeça.

Canela

Oeiras, 30 de Agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Bolo

Durante a minha infância, uma personagem de vulto preencheu o meu imaginário e também os meus tímpanos de grande forma. Uma senhora roliça, no que deveriam ser os seus quarenta e poucos anos, carregava uma cesta de vime à cabeça e um saco na outra enquanto dizia, alto e bom som, durante uns 10 segundos de cada arcada:

“Há boliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinhos!”

Aquilo naturalmente punha as orelhas em pé a qualquer um! A mim em particular por que me fazia um arrepio que me subia desde o fundo das costas até ao  pescoço, muito devagarinho e, mais ainda, se hoje me poria os pelos em pé, naquela altura nem pelos para isso tinha pelo que, a coisa era pior ainda!

Era um manancial de bolos carregados desde o Alto de Campolide, pelo tarujo e até à Serafina através das escadas mais incómodas do mundo, as que vão da estaçãod e Campolide até lá acima à Rua Larga, que na realidade não tem dois carros ligeiros de largura mas que, naquela altura, parecia ter o nome ideal pelo tamanho. Fica ao pé do ferro velho onde íamos vender sacas com cartão com matacões dentro para as sacas pesarem mais e dar para um gelado... As coisas que nos lembramos a partir de um bolo.

Bem, o bolo por excelência é a pirâmide, porque é feito a partir dos restos de todos os outros bolos, com adição de chocolate dentro e à volta levando ainda chantilly e uma cereja no topo! Para mim era a coisa mais inteligente a comer porque enquanto os outros comiam um bolo, eu comia todos os bolos num só! Desde que um colega meu,d e alcunha “Saloio” e cujo pai era pasteleiro, me disse isto, nunca mais deixei de comer pirâmides até que um dia me lembrei que, secalhar, e a apenas secalhar, havia um motivo para a alcunha dele ser aquela. Repensei e a partir daí como babás, por serem gostosos demais, (os da Pastorinha são um luxo), mas fico sempre a olhar pelo canto doolho para as pirâmides...as malditas!

Não comi muito bolos transportados por aquela simpática senhora, até porque a minha mãe não gostava de me dar dinheiro para comprar bolos na rua. De facto, aquilo transportado à torreira do sol, apenas com um guardanapo de renda em cima,não era das melhores coisas do mundo e, agora que penso nisso, quando comprava um bolo, a senhora andava sempre a enxotar as moscas. Se calhar era isso que lhe dava aquele gostinho...

 

Canela

27 de Agosto de 2010

 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Notícia

Bando de formigas atropelam manada de vacas leitieiras ontem, pelas onze horas em Mondim de Freixiandes enquanto um motim de sacos plásticos para ultra-congelados eram agredidos por uma ex-modelo que os afagava furiosamente. Os motivos da tragédia são desconhecidos mas a TVI tem já um repórter no local! Voltaremos a este tópico mais à frente neste telejornal.

Este pode muito bem ser o texto que passa no teleponto para que o apresentador, cujo nome técnico é aparentemente, pivot, talvez por causa dos dentes ou não, leia e faça com que a nação regozije de curiosidade com mais três ou quatro teasers (para provocar o espectador).

Em primeiro lugar... qual tópico? Mas isto é notícia? É que já vi umas piores até que esta na qual um tipo recém-licenciado com ideias de Pulitzers e outras coisas mais, nos chateia com o algeroz da Dª Ermelinda, senhora dos seus noventa e tal anos, residente em Pardilhó de Achambres, que está entupido faz mais de dez anos.

Claro que, na realidade, isto só tem que ver com a Dª Ermelinda ser uma valentíssima porca faz mais de noventa anos e, quanto a isso, não há notícia que a possa curar de tal. Normalmente isto é defeito congénito e como tal não há muito a fazer.

Lembro-me de ver um tipo que tinha uma casa com lixo até ao teto que depois de ter sido limpa pelos vizinhos e autoridades sanitárias competentes, demorou uns dois ou três meses para se pôr no mesmo estado. Claro está que por esta altura, o homem também já tinha anos de experiência acumulados da primeira vez.

Recordo que esta notícia é a da abertura,se ninguém tiver entregue um novo requerimento no caso Casa Pia que, já agora, como futurologista, garanto que não vai dar nada! Esta ideia, da abertura vai depois ser reforçada com espectacularidade, infelizmente já sem o cunho da Manuela Moura Guedes que eu tanto detestava de ver e ouvir que acho que cheguei a ficar na TVI mais de 20 segundos para a poder apreciar.

Canela

Oeiras, 26 de Agosto de 2010

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Moda

Há uma geração de rapzolas e moçoilas que não passam de puto e chavalecas que davam um orgão qualquer para ser modelo. Isto não é estar a exagerar, é assim mesmo. No tempo em que a Cindy Crawford era o Porta-Aviões que fazia com que os homens desejassem aportar em alto-mar, as modelos tinham curvas, eram, como dizer, boazonas! Davam vontade de trincar!

Agora há que ser escanzelada, alta e com um ar de cabra parisiense mal lavada e olhos de carneiro mal-morto para se triunfar no mundo das modelos que fazem capas para este colete de forças que é a moda.

Está na moda ser-se assim apesar de todos os esforços que foram feitos para combater a anorexia... Agora a sério, deixem-me rir um bocadinho... Esforço?! Vão pentear macacos!!!

Então vem-me uma tipa falar na rádio acerca deste esforço e depois fala-me em metro e oitenta com sessenta quilos ??? Metro e oitenta com sessenta quilos é um varão de cortinado ou pouco mais.

Depois claro, vêem-se as costelas das moças nos vestidos decotados que mais as fazem parecer andrajosos cabides do que outra qualquer coisa. Evidentemente que os tipos que fazem isto não percebem que estão a contribuir para variadíssimas misérias.

Uma, a das modelos com a sua obcessão pelo peso pluma e síndrome da balança. As miudas que vêem aquilo, metem moedas nas cuecas para pesarem mais quando vão ao médico, é preocupante e verdade!!! O universo masculinio fica prestes a colapsar por causa de uma coisa que é provavelmente a mais perfeita obra da natureza, ser reduzida à insignificância de ser um cabide com controlo remoto que faz aquilo que acho que até um potro de tenra idade faria com facilidade.

Elas andam num linha reta, num chão plano, chegam ao fim, dão uma volta e meia... Quinhentos e quarenta graus, reparem bem, e voltam, desviando-se das outras que lhes seguem!

É fabuloso ou não? Eu acho que é mesmo isto que fazia falta no mundo. Alguém que recebesse uma pipa de massa por fazer esta mui complexa tarefa de ir e voltar!

Para terminar isto há que ter em conta que estas pessoas do mundo da moda transportam chapéus de chuva sem tecido algum, só com varetas, o que é positivo porque não faz tanta resistência ao vento mas, depois, fazem penteados que as levariam a reboque com uma ventania em Algés.

Canela

Oeiras, 25 de Agosto de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Chocolate

Feito a partir das sementes torradas do cacao, esta delicia de origem Maia - e não Maya, a Astro Taróloga – tem-se imposto pelo mundo fora como sendo um dos produtos com maior sucesso comercial.

Existem vários motivos para que isto aconteça mas, não há que descurar de facto que a frase que diz a que o chocolate é melhor que sexo, ajuda alguma coisita. À minha parte, ainda não conheci chocolate assim tão bom e já comi chocolate numa porrada de países. Não nego que possa haver chocolate assim mas, permito-me duvidar assim à partida, mesmo sendo uma ciência que desconheço... e estou a falar do chocolate, sobre o qual que conheço pouco... Pensando bem nisso, ainda percebo menos do outro tema mas pronto...

Aparentemente o primeiro Europeu a provar esta delícia foi Cristóvão Colombo, o tal que não se sabe bem se era Português, Espanhol ou Italiano pelo que depreendo que era Português. Porquê?! Porque sim, e porque este é o mesmo motivo que os italianos dizem que era italiano e os  espanhois  dizem que era espanhol. Visto a Italia e a Espanha já terem sido campeões do mundo de futebol e nós não, acho que é de perceber que o Colombo é nosso, como o centro comercial.

A prova que era Tuga é que, embora tenha provado o chocolate, foi preciso ter ido lá um espanhol para que o tenha trazido para a Europa! No entanto, a primeira chocolataria do mundo foi em Londres... Lá está, há hábitos que nunca mudam.

Nós descobrimos, os espanhois carregam e os ingleses fazem a massa com isso! A prova que os ingleses desenvolveram isto é que o nome original era Xocoatl e, como é sabido, os ingleses têm a mesma aptidão para falar linguas que eu tenho para esfolar perus vivos com conchas de conquilhas do Tejo!

Uma imagem recorrente que tenho na mente enquanto escrevo estas linhas é de uma praça na Bélgica, que tem uma chocolataria com uma cascata de chocolate quente, que se cheira desde que se aterra no aeroporto e que tem no vidro as marcas de várias mãos, cujos donos contemplaram, com ávida gula e água na boca aos litros aquela imagem de prazer supremo a escorrer taça após taça.

É engraçado qeu o chocolate esteja intrinsecamente ligado às carências afectivas também porque, com o número de gulosos que por aí andam, acho que isso não passa de uma boa desculpa para mandarem para cima de outra pessoa qualquer, a culpa de mais uma falha na sua personalidade. A de não resistirem a um pedacinho de chocolate.

Eu tenho a felicidade de nem seuqer o apreciar muito, o que muito me ajuda por agora não o poder comer por motivos gástrico-esofágicos (também conhecido por ... mariquices, vá lá) mas devo afiançar que de facto não deixo de ser tentado mais, agora que não o posso comer. É que chocolate não tem estação do ano... Ninguém se queixa de o ter a escorrer pelos dedos abaixo durante o Verão e lambe os dedinhos como se não houvesse amanhã.

Os únicos que fogem a esta regra são uns fabricantes que deixam de prduzir o chocolate no verão para desgosto de muitos e, pior ainda, fazem publicidade a isso para nos irritarem com tão nefasta notícia!

Isto só acontece porque eles nunca ouviram a frase encantada de quem lhes poderia dizer que afinal, o chocolate, não é a melhor coisa do mundo!

Canela

Bélgica, 24 de Agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Tigresse

Um dos acessórios que mais prezo, ou , melhor, um dos acabamentos que mais gosto de ver é em Tigresse!Traz-nos sempre à memória um certo exotismo africano que traz à nossa mente os primórdios da nossa construção genética e, como tal, uma sensualidade intrinsecamente ligada às nossas feromonas. Bonita frase, caneco!

Aqueles motivos têm sido utilizados até à exaustão do ponto de vista comercial, tendo, no entanto, ao dias de hoje, finalmente, deixado de serem usadas as peles dos pobres animais para fazer os motivos.

Uma das coisas a que não posso deixar de achar alguma piada é o facto de, embora os tigres sejam riscados, as Tigresses que tanto se vêem por aí são sempre com umas bolinhas tipo chita. Ora isso havia de se chamar Chitesse, o que, para além de formar uma cacofonia interessante com chatice, não soava tão loja dos trezentos quanto isso.

Lembro-me de a Sra. Lili Caneças, essa mesmo, a tia da sociedade que aparece em tudo quanto é imprensa côr-de-rosa, aparecer a dar, num programa da SIC, se não me falha a memória, uma Tigresse de Griffe a umas ciganas que olhavam para aquilo no meio de um turpor mental que as deixou sideradas. Não sei se isso foi por causa da Super-tia, que na altura já tinha feito o seu famoso peeling que fez quase tantas páginas de jornal quando o processo Casa Pia embora, deva confessar que a Tiazorra ganhou aos pontos porque pelo menos, para ela, sempre fez uma diferença.

Não menciono esta senhora de forma menos própria porque acho que para tudo há que ter algum valor e até para Tia modelo há que saber como o ser. Se ela vende revistas por aparecer e enche festas por aparecer lá, então isso é um dom. Se é bom ou mau, não discuto, porque eu não me dou a essas coisas e não vou às festas, não compro as revistas e apenas vejo o que me entra pelos olhos “adentro” mesmo quando é uma pessoa a dar algo que tem o mesmo valor que um trapo para limapr o lava-louças para quem o recebe.

De volta à Tigresse, tenho muita pena de ter deixado escapar, de uma loja no Centro Comercial das Amoreiras, que é o meu centro comercial favorito, por ter crescido lá dentro, numa época em que o Colombo era uma ideia absurda e obscena, (bons velhos tepos), uma cueca para homem em Tigresse que tinha uma parte de trás tipo fio dental e uma “trombinha” à frente.

Mesmo que não pensasse usar, (o que me parece difícil) era uma peça de coleção a guardar para o futuro. Podia ser que um dia quisesse oferecer aquiloa  um grupo de ciganitos para aparecer na televisão. Podia nem ser na SIC generalista, podia passar na radical ou na SIC Mulher que é dada a coisas com padrões.

Canela

Oeiras, 23 de Agosoto de 2010

A Burka

Não há peça de roupa que tenha suscitado tanto falatório como este saco gigante de meter mulheres dentro feito em tecido! É isso que ele  é e nada do qeu possam dizer me pode demover da minha opinião!

Diz que, o Alcorão, o livro sagrado de alguns dos habitantes desta terra, tem para lá uma menção a que as mulheres se devem de vestir de forma a não provocar o olhar dos homens. A coisa só podia correr mal...

Mulheres, certo?! Não provocar o quê dos homens?! Vamos lá, nós somos homens e não há saca de sarapilheira que possam enfiar pela cabeça abaixo, que nos faça deixar de olhar para as mulheres de uma maneira ou de outra. De forma mais ou menos lasciva é parte integrante da natureza olharmos para o que seja, nem que seja para pensarmos que não gostamos. Isto não é uma opção que os nossos genes nos dão. Isto é assim e pronto...

O espectacular da burka é que, além de ser demonstrativo do quão hediondos alguns hábitos são, em alguns países, já nos faz rir a bom rir também porque as Burkenses (as utilizadoras das Burkas) já adquiriram hábitos modernos a acompanhar os outros ainda muito, mas mesmo muito atrasados que têm.

Não me entendam mal, isto não tem que ver com religiões, porque são todas,de um modo ou de outro, uma valente trampa para a humanidade e, com raríssimas exceções, mais não têm feito do que atrasar-nos enquanto Humanidade.

Isto também naõ tem que ver com a emancipação das mulheres e blá blá blá, porque nunca disse que elas eram inferiores e já várias me disseram com muita convicção “não somos em nada inferiores aos homens”... E eu penso... “mas quem é que afirmou isso?”... São sentimentos que não enobrecem ninguém.

Escrevia eu que as burkenses, (ou será burkinas?!) usam já avançadíssimos acessórios como malas de griffe a tiracolo  e adornos variados do ocidente de um modo um bocadinho vistoso de mais mas, como há que compreender, são culturas e há que respeitar. Vão falando ao telemóvel, sempre uns passos atrás do marido, para que a tradição não se perca! Há valores a respeitar, claro que ainda bem que os telemóveis assim não são porque se não era uma chatice.

O evento a que testemunhei, e que foi a razão de sequer ter escrito tudo isto, foi mesmo fantástico. Então não é que vejo uma senhora com uma burka com um cornetto na mão? Assim à primeira vista, tudo bem não é?! Pois é, até que começo a ver a senhora a preparar-se para lamber o gelado,  (ainda bem que elas podem lamber... comer gelao à dentada era um problema) com uma mão a segurar a tal mala, a outra com o gelado, a primeira a levantar a burka com jeito, enfia o cornetto debaixo da burka e nisto... imaginem, toca o telemóvel!!! Aquilo era uma confusão de tal ordem que percebi facilmente que para se usar burka tem que se ter pelo menos oito braços porque momentos houve em que quase que posso jurar que toda aquela parafernália de objectos desapareceu na burka sem que se visse gelado a pingar de lá de dentro.

Canela

Oeiras, 20 de Agosto de 2010

 

O Gangster

Por definição, o gangster é o membro de um gang e a sua origem tem, como tanta outra coisa boa, os Estados Unidos da América como referência. Durante os anos da lei seca, na década de 20, até à grande depressão de 1929 e ainda durante os anos 30, os gangsters ganharam rios de dinheiro com a venda ilícita de alcóol o que só vem dar razão que os estados de facto são pródigos a arranjar oportunidades de negócio para gente sem escrupulos em nome da decência e dos bons costumes. Ou de outra coisa qualquer.

O nome mais sonante deste período é sem dúvida o do mítico Al Capone que, reparem bem, foi catado pelas malhas da justiça por ter fugido ao fisco e não por nenhum dos outros crimes que não foi provado ter cometido. Claro que é lugar comum dizer que ele os cometeu mas, seguindo a norma de que ninguém é culpado até ser provado o contrário, como tanto gabiru faz hoje durante os noticiários, vestidinhod e fato e gravata, o Al Capone era um gajo às direitas e era um menino copinho de leite que, quando muito, se poderia comparar ao Melancia, o tal que era parecido com o David Copperfield mas apenas na parte de fazer desaparecer. Na parte de aparecer, nem sempre o truque lhe corria bem mas isso são outros quinhentos...

Se formos ao site gangstaname.com podemos até fazer uma série de experiências que nos permitem chegar ao nosso nome de gangster. É científico!

Ao meter Pedro Canela descubro que poderia ser o Fat Ugly Cop Killa! O nome mete medo caneco. Testei alguns mais e não posso deixar de referir que José Sócrates seria Wobbly Bityacth Ass, o Paulo Portas Played Out Bull Dodga, o José Policarpo, que é Dom e não seiq ue mais, seria o Dom Rank Dirty O Slappa e Jesus Cristo seria o Rotten G. Yo man!

Há aqui um pormenor que gostaria de deixar claro que tem a ver com a meteorologia de cada país e os hábitos de cada código de indumentária para cada personagem que temos na nossa cabeça. O 007 aparece sempre de fato e laço mesmo que seja na Rússia, porque deve de usar uma Termo Tebe, os tipos do Grunge de Seattle apareciam de camisola grosa porque aquilo fazia um frio dos diabos...e aqui, não posso deixar de referir que, idos que estão os anos 30 do século XX, a malta já não usa charutos e chapéus, supensórios que dêm a impressão do gangster.

Nada de mais comparado com o que sofrem os gangsters portugueses que hoje usam sweat shirts grossas com carapuço e óculos escuros que os fazem mesmo parecer muito maus. Assim mesmo muito beras. O problema está em que, com as temperaturas a roçarem os 40º Celsius à sombra durante o dia e as noites com 32ºC, tenho que ter pena desta gente que, coitada, nem consegue ser violenta nem má sem beber quatro ou cinco litros de água e, após beber isso têmd e ir à casa de banho a cada cinco minutos o que não lhes deixa tempo suficiente para uma boa quezília, uma extorsão, ou o narcotráfico decentemente.

Já viram o que é dois grupos de gangsters rivais, numa de filme americano, prestes a defrontarem-se, mas na Amareleja?! Aquilo metia mais enfermeiros, desidratações e paramédicos do que o natal dos hospitais!

Canela

Oeiras, 19 de Agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Caricaturista

Em todas as férias que faço e passo por uma cidade digna de algum relevo, vejo sempre uma horda de caricaturistas que estão mais ou menos concentrados nas imediações da baixa dessa mesma cidade. Penso que estes tipos até são um bom indicador de desenvolvimento porque o número deles e a dispersão é diretamente ligado ao desenvolvimento turistico e económico da cidade em questão.

Agora que penso nisso, estes tipos são como alguns pinguins do Polo Sul que se juntam, mas por motivos diferentes. Pelo menos nunca vi nenhum pinguim a desenhar no National Geographic.

Todos estes tipos têm uma montra de caricaturas a personagen bem conhecidas do mundo do espectáculo se bem com algumas falhas, nunca vi o Alberto João Jardim em nenhum lado e se há um one man show digno do nome, é esse.

Estes artistas prometem fazer-nos a caricatura em cinco minutos e o retrato em dez. Melhor ainda, cumprem escrupulosamente o tempo e o milagre de aquilo ser realmente parecido connosco. O fair play das diferentes pessoas varia e já vi um tipo aos berros depois de ter sido caricaturado em Barcelona, nas Ramblas. Se ele queria um retrato mais vali ter pedido, não era preciso levar a mal que o homem o tenha retratado com uma cabeça gigante, que ao fim das contas ele já tinha. Acho que ele queria um retrato em que acreditasse tratar-se da sua caricatura.

Com esta era da globalização vi que um destes caricaturistas viu nos mercados orientais uma oportunidade enorme de fazer dinheiro e que com fotocópias várias de olhos rasgados, sem cabelo algum, conseguia fazer caricaturas e retratos de chineses em menos de trinta segundos. Na realidade o que ele fazia era tirar a fotocópia do saco, pô-la na tela e preencher os detalhes do penteado e afins para obter um resultado espantosamente parecido. Até os chineses ficavam maravilhados com a velocidade abismal com que o homem fazia isto.

No lado oposto, os nossos amigos turcos, que agora são Europeus, dizem eles, vão começar a pedir que os caricaturistas levem mais barato por desenharem os olhos das suas mulheres fotocopiando Burkas de dois ou três tipos diferentes, consoante eles sejam mais ou menos burgessos, para que depois os olhos sejam preenchidos. Estou em crer que são gajos para pedir aos caricaturistas para o fazerem através de um espelho porque não podem olhar diretamente para os olhos dela senão acontece uma calamidade qualquer às 70 virgens que têm à sua espera no céu.

Canela

Oeiras, 18 de Agosto de 2010

 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Stress

Esperei cerca de duas semanas para falar deste tópico porque, como sabem, evito falar de temas de atualidade que podem ou não ficar na memória das pessoas e como tal, arriscar a uma edição em que passadas algumas semanas eu próprio ande aqui a apanhar bonés e a pensar sobre que diabo estava eu a falar.

Foi medido em toda a Europa o stress dos bancos. Posto assim até nem parece mal mas quanto mais penso nisso, mais me vem à ideia oque diabo será isto do stres nos bancos. É que o stres dos clientes dos bancos eu sei qual é.

É recebermos chamadas de um tipo que se diz nosso gestor de conta, para nos dar uma importância que na maior parte das vezes não temos. Para nos oferecerem serviços que não precisamos e para esclarecer pagamentos de taxas que não sabemos para que servem e não queremos pagar. É termos um dia certo para pagar a nossa prestação certinha e, se algum dia nos cai qiualquer coisa que não estamos à espera, ficarmos com a conta a descoberto e pagar trinta euros por ter tido a conta assim. É também descobrirmos que pagamos uma batelada de cartão VISA, multibanco e, por mais que tenhamos faturas eletrónicas, ir sempre ter um papel a nossa casa de uma coisa que consultamos em tempo real e sem custos na internet.

Do lado do banco, apenas me vem à ideia que as sedes dos bancos, edifícios frescos e catitas, possam ter algumas preocupações com manutenção e precisem de ansiolíticos vários para não stressarem. Consigo até entender que haja edifícios da banca que sofram depressões e que para sair desse estado letárgico precisem de tomar medicação forte, que os relaxe ao ponto de nem acharem mal levarem um ou outro supositório.

Imagino as caixas multibanco a queixarem-se aos auditores da banca que levam porrada dos clientes se lhes comem um cartão por motivos de segurança, os cartões multibanco com agorafobia por andarem sempre a entrar e sair de ranhuras na carteira e, por fim, os cofres fortes a dizerem que precisavam de espaços verdes e que aquilo não é vida para ninguém até porque, com os mecanismos de abertura retardada nunca conseguem fazer nada que seja fruto da ocasião.

Sonho que as aberturas retardadas dos cofres provoquem extremos inconvenientes aos cofres-fortes fêmea, por não se mostrarem disponíveis e aos cofres-fortes macho, por serem acusados de falta de interesse!

Ao final destes dias em que fomos informados pela primeira vez que me lembre destes testes de stress, parece que afinal, tudo bem. Os multibancos aguentam bem porque têm ainda um boneco sorridente dentro deles com um ar extremamente vitaminado, os edifícios são bem tratados e arejados para que não fiquem deprimidos e têm um perfil de quem anda nos esteroides e apenas os clientes não passam nos testes de stress que são feitos aos bancos mas que, na realidade, todos o sabemos, haviam de ser feitos aos clientes porque esses sim, por um motivo ou por outros, são quem sofre mais ou menos dos nervos por causa destas mariquices do mundo moderno!

Canela

Oeiras, 17 de Agosto de 2010

 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Forcado

Há um estaurante ao cabo de Loures, a entrar na zona mais saloia de Lisboa que tem este nome e não é para menos. O que se come naquela casa tem todo o aspecto de ter sido confeccionado por gente que lida com a terra e os animais e até os tipos que animam aquilo com duas guitarras quando a luz se apaga têm aspecto de quem nos pode meter a um canto com um gorro verde e vermelho sem mais nem menos.

As cabeças de touro, que duvido que tenham sido tiradas com as mãos dos forcados, dão o ar da sua graça e fazem juz a outro nome que é Beija o Boi, embora deva de confessar que não meparece a ideia mais higiénica do mundo, os clientes andarem a beijar um animal defunto e empalhado, mais ou menos na mesma ária do focinho. Se a ASAE desconfia disto parece-me a mim que quem vai andar em pontas são eles.

Bom, na minha perspetiva, desconfiosempre de tipos com umas meiazinhas de renda branca, esticadas com uns berloques tipo pom-pons de lado, a dar seguimento apra umas calças tipo bailarina, com camisinha de folhos e jaqueta com brilhantes. Se metesse um bigode pareceria até que estavamos a falar dos travecas que se acham à noite ali para o lado do Conde Redondo em Lisboa.

Na realidade estamos a falar de indivíduos supostamente muito machos, que usam os braços e o corpanzil para pararem um animal de quase ou mais de meia tonelada e que, mesmo sendo mais de meia-dúzia deles, é coisa apenas para quem os tem no sítio. Ou para quem tem problemas do foro psicológico, aqui a doutrina reparte-se e as opiniões são de cada um.

Não ajuda que o último dos forcados, que são sempre amadores, coitadinhos, que nisto são piores que os bombeiros que ainda têm alguns profissionais, seja chamado rabejador. Com sinceridade, com um nome destes, um gajo que é normalmente relativamente pequeno e que usa umas sapatilhas mariconças para fazer um bocadinho de ski em cima da areia da arena enquanto um touro anda freneticamente às voltas a ver se lhe assenta uma marrada, não é um exemplo de virilidade.

Lembrem-se que estes tipos vêm antes das vacas chocas que tiram de facto o touro da arena onde andou a jorrar sangue. É gente que tira o barrete após ter quatro hematomas já bem visíves na cara e ainda mal dominaram o touro. Será que estes tipos também recebem subsídio de risco? É que se estes não recebem, os que recebem vão ter de devolver o dinheirinho todo que receberam até ao corrente dia.

Como diz uma amigo meu, isto é gente da rija, passam o dia com um par de cornos á frente por isso nada lhes faz impressão. Acho que nem mesmo servir ovos com farinheira de entrada no restaurante. Bem bom! Há sempre que ter cuidado com reencontros neste ambiente, dá sempre a sensação de ir dar tourada, mesmo quando um dos reencontrados toca uma ou outra desgarrada à meia luz com uma guitarra emprestada ou roubada aos músicos de serviço.

Canela

Oeiras, 16 de Agosto de 2010

A Sexta-Feira 13

Ao contrário da Sexta-Feira Santa, a Sexta-Feira 13 não mete padres nem bulas, nem nos impede de comer carne se formos de uma dessas religiões de trazer por casa. Não metendo padres, no entanto, mete muita gente parva que quer aparecer no noticiário das 8 (da noite ou da tarde conforme seja inverno ou verão e, melhor dito, noticiário das 20) e não tem outra maneira senao juntar-se à mesa com mais uma dúzia de papalvos fazer aquelas parvoíces como mandar sal para trás das costas, passar debaixo de escadotes e afins.

Claro que estas superstições parvas têm quase todas uma raiz e uma razão de ser, que nem sempre é muito inteligente mas que, mesmo depois de ultrapassadas essas crenças parvas através da ciência, há-de sempre existir um burgesso que as repita para as perpétuar.

Já que já falei nelas, aproveito para enquadrar algumas delas e explicar de onde vêm.

O Sal para trás das costas tem uma explicação simples e, para os que sabem que é da palavra Sal que vem o termo Salário, pois no tempo em que os frigoríficos não existiam, era o sal qeu conservava os alimentos e era com ele que os trabalhadores eram pagos. Se se imaginarem a mandar notas (o vosso salário) para trás das costas conseguem ver facilmente que isso vos dará um azar do caraças. Talvez o azar de perder o dinheiro. Inteligente, não?

Já a escada ou escadote formam com a parede um triângulo retângulo, o qual para os gregos era o simbolo da harmonia e da perfeição (ainda no Jazz, nos dias de hoje, o acrode de sétima é representado por um triângulo) e naturalmente passar ali era quebrar essa harmonia. Se pensarem em passar lá e estiver em cima de um dos degraus uma lata de tinta de 25 litros vão ver o azar que é levar com ela na tola.

Já agora, num entrecruzar com a Sexta-Feira Santa, a história de que treze a uma mesa dá azar e que o mais novo morre após o jantar remonta à Última Ceia onde supostamente Jesus Cristo ( o grande JC) , acompanhado dos 12 apóstolos bateu a bota depois da jantarada e era o mais novo. Há que dizer aqui que se de facto formos atraiçoados por um Judas qualquer, a troco de trinta, oude outros quaisquer dinheiros, de facto isso não ajuda muito há nossa sorte!

Não queria despedir-me sem falar do filme homónimo onde um tipo chamado Jason que, reparem bem neste pormenor, não morre porque não sabe o que é a morte, volta com uma máscara com furos redondos na tromba para matar com uma motoserra umas gajas boazonas ue andam a correr semi-nuas numa lagoa com aspeto lúgrube à noite. Que filmaço! Realmente os americanos fazem filmes... digo filmes porque fizeram meia dúzia pelo menos, se bem me lembro. A ideia de ele não saber, então, copiada de quem vai a 200 na estrada nacional e diz ao xô guarda “Eu não sabia disso, ninguém me disse  nas aulas de código”. Parece que já estou a ver o polícia todo chateado por não o poder multar. “Mas para a próxima diga ao meu colega que já sabe hein?!”

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 13 de Agosto de 2010

 

A Fedorenta

Nem sabia disto mas, há pouco tempo, fui alertado para um flagelo que atenta contra algumas pessoas que tentam lecionar  nas escolas públicas, sob intensa e odorífera ameaça. Ele há alunos que, ao que tudo indica, não tomam a bela da banhoca e o pitéu instala-se na sala de aula de forma tal, que os professores insistem em tirar dúvidas a alguns alunos, para a turma toda, não por gosto, mas por uma questão de segurança e saúde pública. Ou pelo menos da sua saúde e segurança.

Soube que até acções de sensibilização já foram feitas para que os meninos, galifões e galifonas de treze, catorze e quinze anos, se lavem. É natural que os miúdos não estejam habituados a ter em si o cheiro que um adulto tem, que é muito mais intenso que o de uma criança mas daí a não lhes explicarem isso em casa... espera lá...se eles são espertos para tanta coisa, porque não para isto?!

Já me lembrei da solução para este problema e passa por, das duas uma, ou meter um dos seus ídolos numa campanha publicitária a nível nacional ou fazer uma série do Morangos com Açucar, com o subtítulo, o “desodorizante que há em ti”! A segunda resultava de certeza.

Aparentemente isto é coisa que já havia de ter começado há algum tempo porque chegou até mim a notícia que também no mundo do trabalho privado, esta questão é um problema dos nossos dias. Aparentemente, há pessoas que mesmo trabalhando em ambiente de escritório com o ar condicionado ligado quando querem, conseguem ser detentoras de cognomes tão carinhosos como “o gambá” ou o mais meloso “a doninha fedorenta”. Eu já conheci alcunhas giras como o Marajá, o Conde, o Rato Mickey, o Boiador mas, a “doninha fedorenta” é mesmo a mais ternurenta. A mais fedorenta também!

A parte mais grave de tudo isto é que este tipo de pessoas, comprovam os estudos científicos realizados em empresas à beira-mar plantadas sob alçada do tio Isaltino Morais, não tomam conhecimento do próprio cheiro e negam aquilo que são as evidências puras e duras. Quase que consigo imaginar uma reunião com a pessoa em causa a ser inquirida acerca do seu odor, para se levar (ou lavar) a coisa a bem. Ela a levantar o bracinho e a levar o nariz à axila enquanto a pessoa que tenta aparentar a calma evita a asfixia por gases tóxicos. Baixa o braço de novo e diz “Eu não sinto cheiro nenhum”.

Isto não havia de dar direito a despedimento com justa causa? Havia pois!

Uma ideia que eu tinha era fechar uma destas pessoas com uma daquelas que há muito mencionei que metem uns litros de perfume e after-shave a mais, durante um dia inteiro numa sala apaertadinha. Na média, o perfume havia de anular os maus cheiros e vice-versa deixando que o ar perto destas duas pessoas fosse de novo respirável para a restante mole humana que habita o planeta e que é possuidora do sentido do olfacto!

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 12 de Agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Bica

 (Edição Lisboeta de O Café ou edição tripeira de O Cimbalino)

É com grande tristeza minha que tive de deixar de beber a minha bica pela manhã porque era de facto não apenas algo que eu adorava, mas um momento que tinha que era voluptuoso o suficiente para o saborear em vários níveis. Ficam os mais incautos avisados que bica é o que todos bebemos pelo país fora, não apenas por ser uma sigla que anunciava, “Beba Isto Com Açucar” e, tendo açucar, é uma bica, mas porque também a bebemos em chávena de porcelana e não em copo de vidro, em que reside a principal diferença entre a bica e o café.

Quanto ao nome Cimbalino, já sabemos que as máquinas Cimbali deram origem ao nome Cimbalino tal e qual como o “Marquês de Pombali” deu nome ao estilo Pombalino. Não tenho nada contra as gentes do Porto, que acho fantásticas e únicas mas, esta coisa do cimbalino é um bocado parva! Então e porque não chamar agora um Nespressino  ao que temos em casa? Se acaso um filho nascesse, fruto de um preservativo roto íamos chamar-lhe Controlino ou Durexino?! Não me cheira! E se o descuido fosse da pilula? Mercilonino?! Adiante que o tema é café!

Curiosamente, quando nos referimos à côr do café consideramos sempre a côr da espuma do café e não do café propriamente dito que é castanho muito escuro, ou mesmo preto. Em vez disso usamos a parte mais maricas do café que é a espuminha de cima. Que ainda por cima dura pouco tempo, findo o qual o café fica com a sua côr do costume, mesmo que seja café de cafeteira ou água de lavar pés.

Cheguei a beber uns sete ou oito num único dia e nunca me tirou o sono senão uma vez em que bebi um nas amoreiras pertoda meia noite e meia e dei voltas até perto das três da manhã para dormir, por iss como podem entender sinto ocasionalmente a falta da minha bica.

Dou por mim a cheirar o café dos outros de vez em quando e, acreditem ou não já me engasguei a cheirar o café de uma pessoa que o estava a beber à minha frente, para terem ideia do quanto eu salivo com o cheiro daquilo.

Só não arrisco de novo porque o último que bebi fui parar direitinho ao hospital com o coração aos pontapés, (sim, o meu tem pés) e uma crise de refluxo que me trouxe os liquidos estomacais até muito próximo do cerebelo e isso, minha gente, como podem entender, é coisa para interromper o raciocínio a toda a gente!

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 11 de Agosto de 2010

 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Beijo

É pretexto de cenas intermináveis em novelas, filmes, teatros e afins. Estou espantado em como ainda não há um mestrado num país como os Estados Unidos da América onde poderiam por exemplo, colocar os beijos em disciplinas com créditos para entrada directa na universidade ou para Mestrado. Isto tendo em conta que existem recordes escritos no Guiness Book of World Records para o beijo mais longo num filme e o beijo mais longo sem ser no ecrã.

3 minutos e 5 segundos foi quanto tempo se gastou de fita para registar esse épico beijo que figura no Guiness. Faço ideia do público feminino a suspirar a ver aquela cena tão romântica... Não posso deixar de pensar que olhar para uma cena daquelas durante 3 minutos e 5 segundos mais parece uma operação dentária do que propriamente um beijo. Em 3 minutos a lingua de um e de outro já estava a produzir saliva em quantidade necessária para deglutir a lingua do outro mas pasmem-se. Sabem quanto tempo durou o beijo mais longo, efectivamente?

Eu digo-vos companheiros blogo-seguidores:

31 horas, 30 minutos e 30 segundos! Um beijo! É que estar 31 horas e meia, mais coisa menos coisa sem comer, ir à casa de banho ou o que quer que seja porque o juri está a ver realmente requer doses maciças de paciência... e estupidez, digo eu.

Então há que tranformar uma manifestação de afeto numa coisa que se faz assim às 31 horas e meia de cada vez?! Alguém acredita que beijar alguém mais de uns minutos de seguida possa dar alguma satisfação? Eu acho que após isso até as bactérias da boca se começas a familiarizar umas com as outras.

Ainda bem que estes não se beijaram na Austria, porque acho que teriam ido presos. Porquê? Simples...

Estava eu em Innsbruck, terra do rio Inn, sentadinho a pedir o jantar e começa a dar Celine Dion e eu, mais do que gesto reflexo mas, com uma música destas, mesmo gesto reflexo era suficiente para se dar a  coisa, dou um beijo à minha companheira. Nada de especial, nem emteu grandes lavagens de dentes, nem lingua nem nada. Foi um beijo simples, lábios nos lábios, sem repenicanços daqueles que se ouvem e fazem eco na reverberação de uma arcada qualquer quando queremos dar nas vistas. Nada de tão elaborado... era um beijo, simples, sincero e honesto.

Aparece-me um tipo que depois entendi ser o dono da loja a dizer com uma cara muit mal humurada e em alemão que não podia dar beijos. Julguei que estava a entrar comigo, até porque tinha pinta de turco e de austríaco é que não tinha nada. Ri-me por achar que aquilo era brincadeira até ter vindo a empregada, que parecia austriaca mas podia ter nascido na turquia, desde que depois pusesse um lenço ou uma Burka pela fronha abaixo e seguisse o marido dois passos atrás dele e fosse criada dele a vida toda e gostasse disso. Diz-me ela no seu mau inglês, a pensar que não tinha entendido o alemão do aparentemente turco que podia ser austriaco: No kissing. Restaurant! No kissing!

Lá percebi que a tipa estava a falar a sério e resolvi dizer-lhe a ela para dizer ao tipo que eu não estava a gozar com ele mas que era socialmente habitual que as pessoas no meu país se beijassem num restaurante. Ficaram os dois meio enjoados e juro que ele ainda ficou aliviado e com ar de desprezo quando nos viu sair porta fora e alguém lhe chamou maluco em inglês!

Até guardo o episódio com alguma graça, em particular porque, no dia em que me vim embora, num domingo percebi que de facto não se pode beijar ninguém em restaurantes mas podemos meter o cu ao léu na beira da estrada nacional a caminho de Viena, depois de andar de bicicleta no sentido Oeste Este. Lá estava um tipo com a maior das descontrações a mudar-se em plena via pública com o cuzinho virado para a estrada. Não sei se é lei lá, mas se não é, devia ser!

Acabo entretanto de ler uma fabulosa notícia onde um turco mata o próprio pai e duas tias com uma metralhadora no dia do seu casamento ferindo mais oito pessoas ainda como “é costume na turquia durante as celebrações no dia do casamento”. Espero que o senhor do restaurante não se case tão cedo e,  se o tiver de fazer, que o faça na Austria segundo os costumes locais, com o rabo ao léu após andar de bicicleta... sem beijos!

Canela

Oeiras 10 de Agosto de 2010

 

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Lua de Mel

Há uns dias ouvia uma colega minha a falar num casal que foi de lua de mel para os países Nórdicos. Ao que parece foram para a Noruega! A Noruega minha gente... mas que raio?!?!

Devo confessar que fiz uma cara de espanto ao saber que dois latinos supostamente enamorados e ávidos de fazer o amor, tenham ido na viagem mais romântica de todas para um destino que é gelado e onde, vá lá, não há outra maneira de dizer isto... Tudo encolhe.

Está certo que é de lá que vem o bacalhau, (nada  de dupla conotação aqui se fazem favor) mas há que ter em conta que o bacalhau é fresco por estas terras e não salgado como cá no burgo. Podem não acreditar mas faz toda a deferença o peixe ser ou não de salmoura, mesmo que artificial. Experimentei uma vez na Holanda comer bacalhau fresco e é tão nojento como a pescada! Bleargh!

Feitas as contas, ao que parece o dito casal acabou por passar o tempo a fazer românticas viagens de comboio entre pontos geladinhos de Comboiozinho, de Camionetazinha, de Barquinho...enfim. Foi uma lua de mel muito ecológica porque foi uma baseada em transportes públicos.

Consigo imaginar uma lua de mel fantástica por terras Lusas onde o tempo era bem melhor e podiam ter ido de metro até ao Terreiro do Passo ou mesmo ao mítico Campo das Cebolas. Poderiam apanhar o barquinho (ou o catamarãzinho) para passar o tejo e ir até à Cova do Vapor, Barreiro e daí apanharem o autocarrinho a biodisel para Coina! Uma felicidade que não poderia ficar completa sem o comboiozinho da linha Sul, onde poderiam ir direitos a Troia, onde poderiam ser mordidos por mosquitinhos até ficarem com babas na pele do tamanho de queijos nórdicos. Não era mais romântico?!

Ao que parece, assim, andaram a pagar 40€ ou 50€ por uma sandes mista e um copo de leite o que explica porque aquela gente nos países nórdicos é tão esbelta de figura. Pois não... Arre!!!

Mas há opções mais à vontade para gente que ganha mais uns cobres onde por 5000€ podemos ver os fantásticos fiordes, aquele horizonte fantástico onde há...deixa cá ver...

Gelo... e água... ou melhor, muito gelo e muita muita água!

Mesmo com o calor que nos assola por aqui, com o mercúrio a bater nos 40º eu garanto-vos que vos ponho dentro de uma arca frigorífica, cheia de gelo e àgua até acima por menos que isso e a ganhar dinheiro. Até meto um colchão redondo lá dentro e uma almofadinhas em forma de coração, em veludo vermelho para que possam chamar a isso uma lua de mel.

Canela,

Oeiras, 9 de Agosto de 2010

 

 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

As férias

Há muito muito tempo, quando as férias eram dignas desse nome, elas duravam 3 meses e faziam com que o nome férias tivesse o significado de as ter até estarmos na realidade mais do que fartos delas. Claro que, por aquela altura era melhor estarmos fartos de férias do que fartos de aulas, não era? Pelo menos a maioria sei que assim pensava.

Devo admitir que eu, por gostar da ideia da escola ter uma porrada de gente da mesma idade e com os mesmos interesses, nem sempre achei que as férias eram motivo de tão grande gáudio, em particular porque não teríamos com quem discutir os episódios do TomSawyer ou do Bel e Sebastião, numa base diária e regular. Claro que o facto de a partir de determinada altura ir acartar baldes para as obras obrigado pelo meu pai, não ajudou muito a que a palavra férias tivesse um impacto muito positivo na minha mente! Isso são contas de outro rosário. Adiante...

Claro que, à medida que o tempo passa e deixam de existir 3 meses de domingos de seguida, como tão eloquentemente escreveu a Isabelinha (a Allende) e este período vai-se reduzindo cada vez mais até ficamos presos a uma semana de cada vez ou até mesmo dias, com feriados pelo meio a que decidimos chamar “escapadinhas” por ser isso mesmo que elas são... “inhas”... tão “piquinitas”, coitadinhas, que por vezes vamos e vimos com um dia de intervalo. Mas sempre desanuvia não é ?

Para além de reduzirmos o tempo de férias ainda por cima começamos a pagá-las nós o que me parece extremamente injusto! Então não era de os nossos pais terem essa reponsabilidade para sempre? Afinal foram eles que nos mandaram vir, nós não pedimos coisa nenhuma!

Para piorar, há pessoas que contam as férias de modo descrecente o que é verdadeiramente desesperante! Saem ao Domingo e dizem que “já só faltam cinco dias para ir embora...” com ar de choro. Eu, que conto copos meio cheios em vez de meio vazios, conto sete porque é Domingo, falta ainda de segunda a sexta-feira e o sábado. Invariavelmente estas pessoas não contam com os dias das viagens e contribuem para se tornarem ainda mais miseráveis do que aquilo que já são.

Aconselho as pessoas qeu pensam nos cinco dias a contarem também com a parte de dormir oito horas e perder duas a comer pelo que, dos cinco dias que lhes resta, ainda há dez horas por dias que são perdidas sem ser com as férias propriamente ditas e se adicionarmos aqui as idas à casa-de-banho e outros afins, mais vale nem ir porque de repente os cinco dias ficam reduzidos a algumas duas ou três horas ao todo oq ue mal dá para visitar um museu, por pequenino que seja.

Canela

Oeiras, 6 de Agosto de 2010

 

A Birra

A birra é coisa não exclusiva dos miúdos mais pequenos. Em abono da verdade se calhar estes até são dos que menos vezes as têm mas enfim… Caracteriza-se segundo algumas pessoas que conheço muito bem pelos guinchos dados pelas criancinhas. Eu escrevi guinchos porque para essa pessoa, o cão dela berra e grita, por isso não vejo motivo pelo qual os putos não hão-de poder guinchar, ou mesmo até ganir ou ladrar!

 

Malta Alentejana… E vejam que isto lá para os Alentejos tem expressões tais que os piços dos cães, (que são emaranhados de pelo, nada de mais) as praganas, (que são ervas) e as taliscas (que são frestas) são coisa comum e, volto a frisar, os putos podem até ladrar…

 

Aqui há coisa de uns quatro ou cinco anos vi uma birra de um júnior de cerca de sete anitos que chorou baba e ranho para conseguir que os pais, que estavam à minha frente para resolver um problema com um cartão SIM, lhe comprassem um Nokia 3650 se a memória não me falha (era um redondo em baixo) pela módica quantia de oitenta contos!!! Ainda não havia Euros agora que penso nisso por isso isto foi há mais ou menos dez anos …Oitenta contos era dinheiro!

 

Aquele sim, atirou-se literalmente ao chão, gritou, esperneou, chorou como não julguei ser possível dentro de uma loja do Colombo. Se há putos que ladram, este é um deles. Não quis acreditar quando o pai e a mãe, à laia de “lá terá de ser” sacam do cartão multibanco e pagam o telefone para o Duartezinho (nunca mais me esqueço do nome deste montinho de esterco infantil) parar de chorar.

 

E parou! Sorriu e disse aos pais o quanto gostava deles! A partir deste momento, este miúdo nunca mais há-de saber o que são oitenta contos na vida. Nem mesmo quatrocentos euros, pelo menos até ao dia em que lhe tenham de sair do cabedal à antiga portuguesa! Esta birra serviu-me de inspiração para metade do texto de uma edição do blogue e meteu na minha cabeça que se um dia tiver um filho, eu sei que nome não lhe hei-de dar!

 

Nestas coisas, claro está, há sempre o Yin e o Yang pelo que passo a narrar uma outra birra fabulosa à porta do Pão de Açucar das Amoreiras que acho que já nem existe. A diferença aqui é que o paizinho da criança que a viu a mergulhar qual futebolista mariconço no mundial da África do Sul (e houve lá muitos) a pedir penalti, levantou-o e chapou-lhe uma daquela chapadas à moda de Campolide que me fizeram lembrar as que apanhei do Zé Maria Canela (o meu pai, já agora). E não é que a birra lhe passou ali de imediato sem espinhas nenhumas? Fabuloso! Digo eu para que tenham a certeza, que apanhei apenas umas duas vezes do meu pai e não foi por birra alguma. Hoje digo-vos com toda a certeza… Só se perderam as que cairam no chão.

 

Moral da história, birra no Colombo dá telemóvel mas nas Amoreiras dá um estaladão!

 

Os miúdos não são os culpados nisto, lembrem-se que até o menino Jesus, na história que contam dele recebeu Ouro, Incenso e Birra, não foi?

 

Canela

 

Zurique, 5 de Agosto de 2010

 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Pacman

Da já loga história de super-herois de jogos de computador que vestimos a pele uma vez ou outra ou, em alguns casos, a maior parte da nossa vida, esta bolinha amarela sem pernas e com uma boca igual ao raio da sua circunferência (bonita maneira de descrever o Pacman hein) sempre clicou comigo. Na realidade não clicou, joystickou, já que estamos a escever mal, pelo menos faça-mo-lo como deve de ser.

 

As tardes inteiras em que a minha mãe investiu na minha formação com moedas de 5 coroas (25 tostões, 2 e quinhentos ou pouco mais de um cêntimo para a gaiatada que não sabe o que é um escudo nem cinco “mé-reis”), dentro do tasco do Ferreira a jogar foram mais que muitas.

 

Basicamente, este jogo de arcade consiste em papar pontos (é o que me dizem porque na realidade, para mim, sempre foram e sempre serão bolachas Corintias douradas) que estão por ali espalhados num labrinto enquanto quatro fantasmas andam atrás de nós. Os fantasmas têm nomes e tudo, os quais não me recordo mas lembro-me de quando perdia um jogo por um deles me comer a mim, acabavam por aparecer aos pares de seguida com o nome deles por baixo. Espera…Blinky Pinky Inky Clyde… está escrito no Blackberry J

 

Há aqui uma queixa que tenho a fazer… não raras vezes reparei que os fantasmas sempre atacaram os meus amigos de forma mais ou menos igual mas a mim ninguém me tira da cabeça que o vermelho embirrava comigo! Isto não é estar a cismar… eu reparei uma série de vezes que ele sem sempre atrás de mim todo feito até eu comer uma Mega-Corintia piscante que os transforma a todos em fantasmas com artrite reumatoide, azuis e a piscar e, nessa altura e apenas nessa altura, podemos nós papá-los a eles duplicando os pontos de cada vez que comemos um. Depois eles seguem para o seu antro onde se vão regenerar através de um reator foto-proto-voltaico para se tornarem novamente no ser abominável que são normalmente.

 

O Vermelho chama-se Blinky… Odeio-te Blinky!

 

Um clássico deste momento é, justamente quando vamos a papar o quarto dos fantasmas piscantes, eles mudam de cor e lá vamos nós para a sucata… É ainda ao dia de hoje das coisas mais irritantes que me podem acontecer.. Seja a jogar online no www.zxspectrum.net (que tem este e outros jogos como o Paradise Café online e à borla para quem curte aquilo) ou no Blackberry.

 

Há um outro Pacman que não é o Pacman..mas sim a mulher e como tal chama-se Mrs. Pacman (a Sra. Pacman). A diferença desta para o marido é que tem um lacinho vermelho no alto da tola mas é em tudo igual ao marido.

 

Só o outro Pacman (o dos Da Weasel) não é amarelo nem tem a boca daquele tamanho. Não come corintias (ou vai daí, talvez coma) mas, muito melhor que isso, faz umas letras do caneco e, dentro do género que, não sendo dos meus favoritos, não é dos piores, faz musica que eu gostode ouvir.

 

 

Canela

 

Zurique, 4 de Agosto de 2010

 

 

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Benfica

Guardei para o número 100 do blogue esta edição que é para mim muito, mas mesmo muito especial. Não apenas porque falará do maior clube do mundo, o Benfas claro está, mas porque é uma meta que tinha na ideia desde que comecei a  escrever o blogue.

 

Agradeço aos meus fieis 6 seguidores (estão 7 em cima mas um deles sou eu da altura em que ainda ainda não sabia para o que servia o botão “Seguir” e cliquei lá)  e à horde que começa a formar-se de leitores mais ou menos assíduos do aroma a Canela.

 

Nunca pensei que se tornasse assim mas uma semana em que até tinha os artigos escreitos, não os publiquei, recebi uma série de telefonemas de “protesto” por não estar a publicar diariamente. Como quase nunca recebo comentários no que escrevo pensei que apenas eu e mais seis lessem isto. Parece afinal que não.

 

Foi importante para mim chegar aqui porque queria criar uma continuidade que era escrever sempre que não estivesse de férias (e consegui até de férias, na maior parte das vezes, como é caso de hoje). Importante porque uma coisa é escrever umas coisas quando estamos para aí virados e outra é fazermos um texto, mesmo que pequeno, todos os dias da semana exceto férias com uma pontinha de piada. Só me auto-censurei uma vez no dia da criança porque escrevi um texto tão ácido que até a mim me estava a fazer confusão… fica para um dia…

 

Agora com a minha mãe incluída nos leitores, porque já sabe mover-se nos meandros da net… Eu sempre quis ter uma familia internáutica e, agora com o meu pai a navegar a todo o vapor com consultas aos jornais e orçamentos enviados em formato electrónico, a juntar aos meus septuagenários sogros, (que só o são no bilhete de identidade) e uma tia que já bate no youtube como poucos… é sempre a andar. O que é que esta gente tem em comum?!

 

O irmão vem cá picar o ponto e comenta-me que o artigo é bom de vez em quando. Quando o faz é porque o artigo é mesmo de qualidade porque ele, como eu… é esquisito de paladar. Quando assim é fica um gosto melhor na boca e releio o artigo. A minha mais-que-tudo é claro tem sido o pilar que ajuda em todas as situações, mesmo nos dias mais cinzentos do blog e impele-me com o seu raio de Sol para a via láctea de novo

 

E perguntava eu uns parágrafos atrás… O que é que esta gente tem em comum?!

 

O Benfas! (tirando a minha mãe e a minha tia que são do Belenenses mas, ser do Belenenses ou do Benfas é quase o mesmo…é tudo boa gente.)

 

Ser do Benfica não é só ter a alma a chama imensa… é uma coisa que canção alguma pode explicar… É ter o Barbas a comer a relva. É oferecer os livros da Catarina Salgado num carrinho de supermercado mesmo quando se é Presidente do Benfica. É ter um presidente com a alcunha “Orelhas” que se adora! É saber que o Eusébio é cá dos nossos! É saber que até Jesus é dos vermelhos. O Moisés, (não o Isaías que jogou no Benfas) que era o dos mandamentos, abriu o mar Vermelho e não outro qualquer. É sabido que todos demos à Luz e não à Alvalade nem ao Restelo. A Fafá de Belém tem uma música tem uma musica que é o Vermelho, Vermelhaço, Vermelhuço, Vermelhante, Vermelhão. E diz-me um amigo meu (era, deixou de o ser nessa altura):

 

“Eh pá, mas havia a Green Sands e a Green Peace!”

 

E digo eu, perdoem-me o meu alemão:

 

“Mas que raio de parvoíce é essa?!”

 

Quer dizer… mas era por causa de haver uma ou outra coisa que falassem de verde que iamos falar dessa rapaziada como o maior clube do mundo? E a mistica? Aquilo que mais ninguém sabe o que é! É estar a comer um coelho à caçadora no terceiro anel com o velhote e uns amigos e aparecerem ali uns tipos quaisquer, sentarem-se ao nosso lado e comerem com a gente. É dar sacos de cimento para o terceiro anel e dar cinco contos para a operação coração… ou dez, para quem pôde fazê-lo na altura.

 

É prender a respiração no jogo do STEUA de Bucarest quando eles atacavam e os acagaçavamos com o silêncio de 130.000 gabirus… Ah pois é, porque 120.000 levava o estádio mas naquela altura eu tinha uns 8 anos e passava sem pagar. E bilhetes da candonga era à fartazana por isso…

 

É ter uma coleção de bolas chutadas pelo Isaías apanhadas da segunda circular. É ter ideia do Matts Magnusson quando ainda estava abaixo dos 100Kgs e nos deliciava a fugir da bola. É lembrar o Bento com a sua bigodaça. É dizer Michel Preud’homme e volta atrás e dizer São Michel Preud’homme. Ir lá ver o Benfas ser campeão, na última Jornada com um amigo do peito e ver o sogro, o tal que é septuagenário só no bilhete de identidade aos saltos em cima do banco. Se vocês souberem o que é ver um homem desta idade a levantar os braços como fazia o puto da fila abaixo com uns 4 anos, acompanhado do pai que tinha um brilhozinho nos olhos… percebem a ideia.

 

É ir ao Marquês de Pombal e ver a camioneta do Benfas a descer a Joaquim António de Aguia rodeados de 100.000 dos nossos. Disto, só sendo de um clube no mundo.

 

Um que tem no emblema “Et pluribus unum”… quem é bom chefe de familia sabe o que estou a dizer!

 

 

Canela

 

Viena, 3 de Agosto  de 2010

 

A Nuvem

Quando somos pequenos, mais ou menos como é de compreender porque nem todos temos a mesma evolução natural, começamos a usar a imaginação de uma forma ou de outra. Claro que há os que a param de usar a determinada altura e, outros, decidem fazer uso dessa capacidade o resto das suas vidas escrevendo blogues e outras parvoeiras do género.

 

Posto isto, há sempre uma altura em que damos por nós a olhar para as nuvens e a formar as imagens que queremos ver. Normalmente o que imaginamos são coisas bonitinhas e fofinhas como mémés, vaquinhas, cordeiros, maminhas, chicotes de cabedal e coleiras pretas em couro com picos… Esse tipo de coisas que todos gostamos aos cerca de 5 anos de idade­.

 

Disse que queremos ver lá atrás porque, na realidade, explicar ao miúdo que está ao nosso lado onde é que estamos a ver um  coelho pode não ser a coisa mais fácil do mundo. Pior fica, claro está, quando vemos um coelho muito específico, por exemplo o Bugs Bunny… com pequenas alterações claro está, não apenas a nível estético mas da posição que ele normalmente se encontra, vertical e de cima para baixo ao invés de obliquo, de baixo para cima e da direita para esquerda.

 

Sempre tive tendência a dar por mim a observar essas formas mais complexas e, para isso era só juntar mais nuvens para formar imagens diferentes, e rápido. Como podem entender, ao juntar mais nuvens, a questão da perspectiva altera-se mais rapidamente pelo facto de as nuvens estarem a distâncias dramáticamente diferentes e, pior ainda, a moverem-se a velocidades distintas por causa desse facto mesmo. Isto tudo para dizer que começava a ver o Danger Mouse a brincar à apanhada com um gato e um dedal a correr atrás do Pateta e, quando dava conta disso, em menos de um fósforo, estava a Abelha Maia, (a tal que se diz que… coiso e tal com o Calimero) a fugir de um supermercado sem pagar a conta e uma senhora de idade a atirar milho aos crocodilos! Vestidos com um cinto de ligas… os crocodilos, sim… as nuvens estavam lá!!!!

 

Bem sei que dita a coisa assim até pode parecer que a minha infância foi muito ajudada pelas drogas ou por álcool em quantidades massivas, mas não. Devo dizer que me considero um Obelix das drogas e do álcool. Devo ter caído dentro do caldeirão quando era pequeno e fiquei com os efeitos bons, (se é que tal coisa se pode dizer destes dois flagelos mundiais) sem ter que tomar qualquer um dos dois. Eu costumo dizer que “a pancada na tola” já é de origem…

 

Isto tudo com vapor de água, imaginem agora que sobre uma destilaria de aguardente se formavam umas nuvens …

 

Canela

 

Algures sobre França, 2 de Agosto de 2010