Seguidores

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Ofício

Abordo hoje aqui algo que me veio à mente depois de ler no blog de um amigo que antes do 25 de Abril quem não tinha dinheiro para ir estudar ia aprender um ofício e a contrapor que hoje já não há ofícios para aprender. Concordo em parte... o resto, dá pano para mangas por isso, cá vamos nós.

Havia de ser certo e sabido que nem todos podemos ser doutores, engenheiros, arquitetos ou o que mais seja. Primeiro, porque a definição é lata o suficiente para estes três poderem ser de qualquer ramo, - lembro aqui sempre com efusivasaudade o senhor engenheiro que me disse ser “engenheiro de árvores”,e as aspas querem mesmo dizer que estou a citar – e, assim como assim, lata já existe neste tipo de bicho.

Mas os paizinhos insistem, acham que o “puto” deve de ir para doutor ou engenheiro, mesmo que acabe a trabalhar (sem desonra nenhuma) para a Prosegur à porta de um centro comercial ou, na caixa registadora de uma grande superfície. Nenhum destes é menos honroso mas, convenhamos, precisam de experiência profissional e não de 15 anos a estudar.

Os paizinhos acham até que, quando o “puto” consegue balbuciar uma linha melódica acompanhada por dois acordes, (Dó e Sol de sétima, já agora) é um novo Mozart. E as televisões até ajudam, porque o público acha o mesmo e aclama-se o próximo génio musical ou de que arte fôr sem grandes pudores, aliás, sem pudor algum!

Mas até aqui a coisa papa-se... o mal é que os miúdos não são todos iguais conforme nos andam a tentar vender há mais de não sei quantos anos. Não são mesmo... todos nós conhecemos aquelas pessoas que, para não dizermos que são burrinhas, estúpidas mesmo ou, até, calhaus com dois olhos, – leia-se bestas bípedes – dizemos que são “intelectualmente menos dotadas” e resolvemos a questão. Ora estes tipos têm filhos que, regra geral, não degeneram desta malfadada linha genética.

Eles bem têm explicações 4 vezes por semana a ver se a coisa melhora ou pelo menos não piora mas, os resultados depois de uns anos valentes de ensino, 12 até ao secundário e mais 3 pelo menos para o universitário. Acabando isto, mesmo na privada onde dão mais uns “pózinhos”, porque afinal de contas os pais da criança, pagam, lá sai mais um doutor que irá provavelmente vender carcaças. Com um problema, o tipo não percebe de carcaças, nem quer perceber... e pior, não tem capacidade para tal.

O pior de tudo isto mesmo é que este tipo de gente vence pela quantidade, basta juntar-se aos seus semelhantes, que como entendem não tem dificuldade alguma de encontrar e arrebanha-se para fazer frente aos demais que, não acabaram o curso com 10, à rasquinha, cheio de cábulas até ao pescoço... como uma que conheci que tirou direito internacional e não tinha a mínima ideia seuqer da formação geo-política europeia. E teve aquela besta bípede 5 anos (transformados em 7 devido a muita curtição universitária) daquilo...

O que lhes faltava era tirarem o ofício de ladrilhadores e assentar azulejo com categoria. Temos falta disso e, mesmo desses há os que assentam o azulejo por cima das bocas das torneiras tornando imposível ao canalizador, (ou picheleiro para algumas zonas do país) instalá-las sem o buraquinho para tal.

Assim podiamos até dizer “Bom dia Dr. Calceteiro!” sempre que passássemos por um tipo, de fato e gravata, com sapatinho a condizer a bater efusivamente com um maço de madeira nas pedras da calçada tão bonitas que temos por este país fora.

O pior é que os paizinhos têm dificuldade em admitir que os filhos sejam menos dotados para esta coisa complicada que é pensar, mesmo quando têm 9 negativas e passam o ano neste fabuloso ensino que promove, não tenho outra palavra para isto, a estupidez mais profunda!

Canela

Oeiras, 13 de Abril de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário