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quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Dª Etelvina

Há nomes que fazem parte do meu imaginário. Cada um deles será falado a seu devido tempo. A Sra. que está atrás de um balcão de repartição de finanças com uns óculos que usa na ponta do nariz enquanto dialoga connosco a olharnos por cima das hastes dos óculos de massa castanha, chama-se Etelvina. Ou Etelvina ou Gertrudes! Esta chama-se Etelvina e a outra de lá da outra repartição é Gertrudes e isto tem uma explicação perfeitamente plausivel.

É que, como é de sobremaneira sabido,a Dª Etelvina e a Dª Gertrudes, embora sejam funcionárias do mesmo patrão, o Estado, são duas pessoas diferentes e, numa repartição, isso traz toda a diferença do mundo ao pobre utilizador que lá se desloca.

Ambas usam a mesma maquilhagem descabida com cores mais ou menos berrantes e têm uma mala em tigresse, do tempo em que “…ainda eram novas…” mas que insistem em usar para desagrado visual dos habitantes da junta de freguesia onde laboram.

O que as faz divergir é a Lei Etelvina e a Lei Gertrudes, que não se encontram em parte alguma de qualquer das séries do Diário da República mas, que elas implementaram no seu pequeno mundo e que insistem que é assim “e acabou”!

Claro que tudo isto pode ter uma volta a ser dada, no caso da Dª Etelvina ir com a nossa cara ou, no caso de não ir com a nossa cara, indo antes ter comn a Dª Gertrudes. O mal é quando temos mesmo de falar com a Dª Etelvina e ela está com aquele ar azedo em que se um limão a chupasse a ela, o próprio limão fazia caretas! É que quando é assim, não há grande coisa a fazerr senão tentar falar com a Dª Belmira, que não tem nada aver com este filme mas que é amiga da Dª Etelvina e, como tal, benificia de ser isenta da Lei Etelvina.

Isto nota-se também na segurança social e afins e não apenas nas repartições de finanças. Eu, que estive uma vez desempregado e fiquei uns bons 3 ou 4 meses sem receber subsídio de desemprego, lá tive de ir queixar-me do que haveria de ter logo a partir do dia 1 porque, quando desconto, nunca me perguntam se quero entregar o dinheiro ao estado (com letra pequena, agora que penso nisso) agora ou se quero esperar 3 ou 4 meses e depois então mandar para lá os descontos.

Bom, lá tive de piscar o olho e dar um sorriso dos giros à senhora que me atendeu a ver se ela me safava e, após ter feito o choradinho de que já não tinha dinheiro para comer ela pegou no telefone, lá ligou para um outra colega qualquer, falou com muito jeitinho do tempo e de seguida diz, “…preciso de um favor para uma pessoa amiga…”. A pessoa amiga, claro está, era eu! Amigo de há 3 ou 4 miunutos, mas isso não interessa.

Bem, após desligar o telefone disse-me logo que naquel fim do mês já ia receber tudo e que a partir dali ia receber tudo certinho. Nem que eu metesse uma cunha ao Bagão Félix na altura, a coisa teria dado melhor resultado!

A pergunta que coloco é, se a Sra. Etelvina da Segurança Social fizesse uma chamada daquelas para cada utente, estariamos todos a receber a tempo e horas? Será que os pagamentos do estado às empresas melhorariam também se encontrássemos a Dª Etelvina que ajuda a passar os cheques em vez de mandarmos quase à falência PME’s a quem o próprio estado não paga mas a quem reclama pagamento mensal ao tostão de tudo mais um par de botas?

Fica aqui a homenagem às Dªs Etelvinas deste nosso Portugal (não pensem que são exclusivas deste nosso jardim) por existirem. Já sabem, vocês são a chave para podermos andar para frente, contamos convosco pois contam mais do que a malta de S. Bento!

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 27 de Abril de 2010

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