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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Em Mourão

Há terras assim, que entramos lá e de repente somos absorvidos de tal maneira pela gente que nos rodeia que ficamos derrepente com um novo olhar sobre onde estamos e até quem somos de vez em quando,,,

Fui parar a Mourão no meio de algumas deambulações alentejanas e, para minha grande sorte, com a companhia de uma conosseur, a coisa fica muito mais fácil… Fui parar a uma restaurante onde o ambiente é… bom… assim…

A 30 metros do dito, começamos a ouvir cantares alentejanos nem sempre no topo da sua afinação mas, a verdade da palavras e das melodias faz com que se perceba porque é que existe música…Ao entrar, duas pipas enormes olham para nós com sobranceria e os pratos típicos pendurados deixam-.nos envoltos num turpor que nos faz sentir mais nós, mesmo que não tenhamos nada a ver com este ambiente. O chão é de pedra negra, que contrasta com o exterior em alvo branco rebordejado pelos azuis intensos que são tão característicos do alentejo. As paredes são toscas e mal alinhadas, feitas depois de almoço com um tinto alentejano -com certeza - a que cheira aqui, mesmo que não hajam garrafas abertas.

Uma canção sobre o sol que queima e o suor que rasga as camisas vai sobre nós como um encantamento que nos obriga a ficar absortos por toda esta atmosfera inebriante e que nos hipnotiza.

No meio disto tudo, entra uma bimba com uma máquina fotográfica a filmar o acontecimento como se fosse uma turista de longe… É Lisboeta…ouço-o nos “s’s” quando fala com a mãe..mete as mão com a camera perto das cabeçlas de quem canta num jeito que fica até meio mal educado… veste calças de licra e tem o cabelo arranjado, com unhas de um grená que fica bem na cidade mas que aqui lhe confere um ar de alien perdido na galáxia errada.

Ouve-se o tilintar dos copos e os talheres a baterem fortes contra os pratos, sotaque bem carregado a perguntari “Atã o sinhori é dondi?” e de repente, parece que pertencia a isto a minha vida toda, sinto-me em casa, verdadeiramente…

Aqui, por uns momentos, não há mais nada no mundo, ficamos assim a levitar, pendurados pelo invisível fio que separa o nosso corpo da nossa alma enquanto o ar nos enche os pulmões de vida para os demais dias que temos pela frente…

Canela

Mourão, 14 de Junho de 2010

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