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domingo, 6 de junho de 2010

O Caracol

É tempo do caracol e da caracoleta por terras Lusas! Alguns dos habitantes aqui do burgo são ligeiramente avessos às “lesmas” como eles lhes chamam mas isso não passa de um preconceito como outro qualquer. Já meti um inglês a papar caracóis na baixa de Lisboa e ele deliciou-se, se bem que, na altura que meteu o primeiro à boca estava com cara de quem ia comer caca de jacaré do Paraguai.

Certo é que depois de ter comido o primeiro papou um pratinho inteiro sem pestanejar. Quando o tipo percebeu que aquilo se come a acompanhar com cervejolas, parecia um verdadeiro profissional da coisa e só não foi às caracoletas assadas porque estava “um bocadinho mal disposto”. Garanto-vos que não foi dos caracóis mas sim resultado dos litros de cerveja que bebeu. Para a próxima tento explicar que a razão uma imperial por cada 3 caracóis não resulta lá muito bem!

O caracol já tem festival e tudo, e na terra onde moro, Loures. É fabuloso comer uma feijoada de caracol ou qualquer um dos outros pratos e acepipes onde a ideia é quem mais ordena e o bom senso deixa de ser observado para se cometerem parvoíces do calibre de pasteis de caracol… Nem comento… Ainda se fossem chamuças de caracol, isso sim, fazia sentido. Era uma mescla luso-indiana em que se poderiam enrolar os caracóis no sovaco e lavar o caril 7 vezes. Agora pasteis, francamente!

A caracoleta, que é o animal que mais chicha tem do reino dos rastejo-papantes é uma iguaria do calibre da lagosta, e tem em comum com esta, o poder ser cozida ou grelhada que fica sempre boa. Na realidade é melhor porque o marisco mete muita malta à rasca e não conheço ninguém que seja alérgico a caracoletas ao contrário do marisco!

Estes moluscos gastrópodes com o seu esqueleto externo que pesa apenas um terço do peso deslocam-se à alucinante velocidade de 5 metros por hora em cima do seu próprio lubrificante que diminui o atrito. Fabuloso!!! Se não tivessem lubrificante andavam só 4 metros por hora e isso era uma maçada. Comem alfaces, couves e maçã. São animais noturnos e, talvez por esse facto mesmo, têm a boca ao lado do órgão genital! Digo eu que sou maluco que é coisa para não ser muito útil para durante as refeições mas, afinal das contas, pode haver aí alguma forma de ver a coisa positivamente que me esteja a falhar.

Os sacanas dos bichos ainda por cima são hermafroditas incompletos, o que, faz com que definam o seu sexo apenas quando apanham um outro caracol. Ora com isto, o que me vem à cabeça é um tipo chamado Julião que tem uma voz fininha e depois de aparecer o Chicho fica a chamar-se Susana, com pelos no peito ou, poder-se-ia chamar Arlinda e depois de aparecer a Susana, que antes se chamava Julião, a Arlinda passar-se-ia a chamar Tó Zé e teria um vozeirão bem grave mas com as pernas depiladas. Bom, e por causa destas e doutras que a gente os come e não olha para o sexo do animal.

Se calhar é por causa disto que o bicho tem também sido muito usado na indústria cosmética a qual aproveita a baba do bicho para fazer cremes anti-envelhecimento. Pudera, é que o caracol acasala 4 vezes por ano, durante 10 horas de cada vez… já viram bem a quantidade de baba que para ali vai?! Os tipos das farmacêuticas é que a sabem toda!

Canela

Montemor-o-Novo, 4 de Junho de 2010

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