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sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Cão

Desde muito tenra idade que me lembro de ter animais de estimação e, devo-vos dizer que, agora que olho para trás, não só a minha mãe teve muita pachorra para algumas destas maluqueiras como, a determinada altura, eu devo ter vivido num local que se assemelhou mais ao Jardim Zoológico de Lisboa, que agora tem mais e novos animais a propóstio, conforme algumas fontes escolares confirmam, do que qualquer outra coisa.

Eu sei lá o que é  que eu tive lá por casa, lembro-me dos curriqueiros peixes dourados e outros que nem era de água fria, ou quente ou lá o que foi mas que persuadi a minha mãe a comprar um para experimentar... Como é óbvio, os peixes morriam... Tartarugas, cágados, rolas, rãs, sapos, gatos, bicos-de-lacre, pintassilgos, piriquitos... eu quase que juro que tive uma libelinha de estimação! Ah...e tinha uma trela feita por mim para o cágado... mas mais ninguém sabia. É claro que, anos depois a ideia não me parece assim tão inteligente, em particular porque a minha ideia não era agarrar a trela à casca do cágado mas sim ao pescoço.

Vistas as coisas por este prisma, ainda bem que não tive uma girafa... Quase cheguei a ter uma cabra oferecida pelo meu avô João mas que o meu pai não me deixou trazer para Lisboa. Não lhe perdoo por isso, mesmo tendo a absoluta certeza hoje, de ter sido uma ideia muito parva!

Isto é tudo muito engraçado e exótico até um ponto, porque muitos deles chegaram a conviver uns com os outros, tinham nomes próprios muitos deles. A rola chamava-se Julinha, por exemplo. A cabra não chegou a ter nome

É claro que há sempre animais que nos marcam mais e, eu que sou uma pessoa mais de cães do que de gatos, tenho a lembrança cravada em mim de um animal que, como todos nós, nos deixa uma marca profunda. O meu primeiro cão, que nem era meu, era do meu avô era dono de uma inteligência senhorial e lembro-me que comunicava muito bem com aquele meu amigo. Como em tudo, sentia que ele comunicava bem comigo e que gostava de mim não obstante as tentativas de o montar. O cão nem era muito grande, eu é que era pequeno e, lembro-me de alçar a perna direita para cim dele a agarrar-lhe os pelos do cachaço! O cão deviava-se 20 ou 30 cms para o lado mas não fugia, nem quando eu dava de tentar fazer-lhe um “nó” nas orelhas...A sorte do bicho é que tinha as orelhas curtas se não...

Bom, foi o primeiro cão que tive a certeza que entendia a palavra “amigo” à séria pois, mesmo que rosnasse para qualquer pessoa, desde que lhe disséssemos “É amigo!” a coisa acabava logo ali. O Traquinas era o maior. Depois veio o Lince, que não era meu também, um outro pequeno preto que tinha o pelo comprido o ideal para puxar....que era meu e morreu de esgana de um dia para o outro. Veio o Slash que era meu amigo apenas, com tudo o que isso pode trazer e a todos os níveis, dono de um respeito formidável até à última e agora, tenho o meu amigo Rex.

O Rex é, seguramente, o cão mais parvo e tótó que já existiu ao cimo deste planeta e, atrever-me-ia até a dizer que é uma nova espécie apenas por este pormenor. É uma coisa por demais! O cão não sabe abanar a cauda, roda-a, tipo hélice!! Se se pensar que tem o tamanho de um pastor alemão e que a única situação em que pode ser de perigo, mesmo para um meliante, é porque pode pedir festas a um que esteja a assaltar a casa e lambê-lo até a polícia chegar. Este bicho definiu um novo standard para pedir festas e detém o record do mundo para salto-de-posição-canídea­-regular-para-costas-no-chão-com-as-4-patas-abertas-à-espera-que-lhe-faça-festas!

Uma última nota ao Black, o cão mais recente a aparecer na minha vida que é esperto mas deve de ser o cão mais mimado do Universo. Estou-vos a falar de lhe darem carninha desfiada à hora da refeição, limparem o rabinho e afins! É detentor, mesmo tendo um porte relativamente pequeno, da voz canídea mais bem projetada que já ouvi. Garanto-vos, este bicho tem a capacidade de nos meter o carrilhão de Mafra dentro da cabeça com o seu ladrar. É o José Carreras ou o Pavarotti dos cães! Ah..e por causa do pelo à frente dos olhos, vê-nos às riscas, tipo código de barras...

Canela

Lisboa, 17 de Junho de 2010

 

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