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sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Karaoke

Tive uma sorte dos diabos na altura da mudança da voz! Isto é uma frase que me vai acompanhar o resto dos meus dias, primeiro porque é verdadeira e depois, porque se assim não tem sido, nem faço ideia do que seria a vida conforme a imagino hoje.

Semre gostei de música, na realidade, sempre a  amei como poucas outras coisas e, ao ter estudado e visto que um professor de música a iniciar carreira ganhava basicamente o mesmo que uma pessoa a lavar vidros, ou pior, sem desprimor nenhum para quem ganha a vida a lavar vidros mas, acho que para se ser professor do que quer que seja dá um trabalhão e de música então... nem queiram saber. Bom, com isto tudo, já entenderam que não dou aulas. Há excepções quando são pedidas para uma determinada academia em certas condições mas com sinceridade, não ando lá por causa do dinheiro.

Posto isto, como já adivinharam, tenho feito algumas incursões karaokianas por causa de ter mudado de voz. Isto porque eu, antes da mudança era uma autentica flauta, mas com graves defeitos de fabrico, herança genética da minha mãe, que tem um ouvido fabuloso mas uma voz, vá lá, um bocadinho aquém da Whitney Houston. Um tudo nada, quase não se nota a diferença desque que a Whitney esteja com os copos o que, ao que parece, não é assim tão difícil. Não fosse o facto da minha mãe ser mais clarinha e havia pessoas que eram enganadas. Claro que tinha de ser malta das drogas pesadas ou em recuperação dos AA’s mas pronto...

Após ter enganado os meus genes até fiquei com uma voz catita e, com o estudo devido, dá para fazer umas coisitas. Isto, claro tem-me levado a muitos karaokes mais ou menos divertidos pelo mundo fora... Digo pelo mundo fora porque já fiz Karaoke em Punta Cana, em Nova Iorque e tudo mais pelo que, sempre quis dizer isto, sou um artista internacional. Se eu ao menos tivesse uma cabeleira encaracolada ou um tique de mudar o microfone de mão em mão e me chamasse João Simão, como o Marco Paulo, podia ter uma carreira...

Mas há malta que vai ao karaoke para aquilo que ele deve de ser... diversão pura e dura e que não envolva em grande parte música. Isto aqui tem um sabor agridoce porque ouvir umas músicas serem genocidadas por um grupo de alegres convivas é bera mas, sinceramente, ver 3 calmeirões que se acham homens de barba rija fazerem a mesma cara de quando tinham 4 anos e tinham medo de ir ao bacio é extasiante.

Eles vão em magotes de 3 ou 4 e chegam lá e põe-se a olhar uns para os outros como que à espera de um milagre qualquer mas... não acontece nada. A música avança e eles começam a suar devagarinho antes sequer de abrirem o pio. Até que há um que, destemido, arqueja com as cordas vocais (que são mais tipo umas pregas) um som qualquer e os outros, qual coro da Carmina Burana do Carl Orff encarneiram atrás daquele com voz de marinheiros acabados de sair do navio após vários meses no mar.

Ora como podem entender, se andam há vários meses no mar, vão chegar a terra e fica a balouçar de um lado para o outro. É isso mesmo que acontece... aquelas alminhas olham para o microfone, agarram-no como se não houvesse amanhã e a sua vida dependesse desse ténue toque! Aposto que se após 2 minutos  lhes tirassem o microfone da mão, iam ver que até a marca do micro estava cravada na mão de cada um deles.

Elas, por seu lado, riem-se mais... mas isso não faz nada de bom por elas mesmo assim pois, após uma ligar o modo de voz normal há uma outra que engata no chamado “modo galinhame” em que sobe a voz uma oitava e desata a disparar o verso... Ora quando chega ao refrão as moças fazem uma pressão sonora tal que há panelas de pressão que se desatarracham sózinhas em Kuala Lumpur quando isso acontece. Sério... Há testes que demonstram isto!

 

Canela

 

Oeiras, 2 de Junho de 2010

 

1 comentário:

  1. Um dia passes por Montemor, fazes um teste de voz. Podes ter um lugar no Coral de São Domingos (que já cantou Carl Orff :) Belo texto. Abraço.

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