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quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Concentração

É fim de semana da concentração de Faro! Maravilha!

Um pouco por todo o país passam por nós em amena passeata ou em voo rasante e picado as motas que farão as delícias de quem aprecias as duas rodas, (e não só, porque há os trikes, as moto quatro e afins) durante os próximos dias.

Quem não foi lá vá, pelo menos uma vez na vida porque aquilo é absolutamente mistico e tem contornos Woodstkianos (ao que eu penso que Woodstock tenha sido) pelos mais variados motivos.

Há concursos de originalidade de motas em vários estilos onde, juro pela minha saúde que vi uma mota com 3 rodas em linha onde, na parte de trás, havia um aquário. Quando digo aquário, não há aqui qualquer sentido figurativo. É um aquário mesmo e até peixes lá tinha dentro.

Até ao dia de hoje continua a ser o que mais surpreendeu e, por mais motas originais que veja, não há nada nem ninguém que consiga tirar-me esta da cabça até porque, pensem lá comigo... Como é que passa pela tola de um tipo meter um aquário na mota?! Aquilo só pode ser muita, mas mesmo muita droga e da forte ou uma mente absolutamente genial! Diria que aquele tipo é o José Mourinho das motas ou, dos aquários porque dá para as duas coisas... Imaginem lá uns tipos ligados à aquarofilia a comentarem que conhecem um tipo que tem o aquário na mota!! A imagem não deixa de ser dantesca na mesma!

Mas a concentração é mais que isto, uma exposição de motas, é um estado de espirito que só entende quem lá estev dentro, a dormir no recinto onde os motores roncam a qualquer hora do dia e da noite! Onde as bebedeiras que por ali passam não têm medida física possível nos testes de alcoolemia. Não vale a pena ir à concentração e depois ir dormir ao hotelzinho com ar condicionadinho e essas mordomiazinhas todas... Se se vai, é ir para a concentração e viver aquilo como se não houvesse amanhã. Disto faz parte ser regado pelos aspersores enquanto se come nas tendas nos tabuleiros de esferovite que têm a comida.

A organização deste evento é irrepreensível porque, organizar algo para 20.000 pessoas é, desde logo, um pânico! Até os tabuleiros para transportar as bejecas são fixes embora deva advertir que, se os transportarem de mota, ao travarem podem, como eu, ficar alagados por levar um irmão à pendura com meia dúzia de “loirinhas” em cima do tabuleiro que não iam bem seguras! O meu rabo agradeceu por causa do calor que se fazia sentir mas fiquei-me por ali quanto às experiências de cerveja nas partes pudibundasproque aquilo depois de secar é um problema porque tudo cola a todo o lado!

Há, claro,a  minha fantástica memória de uma concentração em 98, se não me falha a memória (a 16ª ao que me lembro) em que estivémos 3 tipos a beber umas coisas com usn tipos que por ali passavam, que seguiram em frente e, depois de terem voltado passado algum tempo e de lhes dizermos olá, que começarama  resmungar a dizr que não nos conheciam de lado nenhum! Efeitos do Johnny Walker, acho eu! Estes convivas estiveram ali connosco um belo pedaço quando passaram e, com a algazarra, estávamos a incomodar, (e bastante) um casalinho que estava ali por perto na tenda ao lado.

Com o regabofe que por ali ia, o rapaz estava desconcentrado e veio cá fora fazer cara de mau umas vezes antes de ter percebido que nenhum de nós lhe estava a ligar alguma! Isto durou umas horas, entre estarem lá os tipos com a garrafa de whisky, irem embora, estarmos apenas os três, eu, o meu irmão e um amigo motard que não anda de mota agora porque tem vertigens (!?), na palheta, voltarem os da garrafa de whisky, mais palheta...

Ao fim de umas horas o rapaz não aguentou a pressão e gritou de dentro da tenda a plenso pulmões:

“Havia de vos cair um pinheiro nos cornos!”

Ao que respondi eu no meu estado semi-alcoolizado com a voz do Baptista Bastos protagonizado pelo Herman José na altura...

“Bom... com a sorte com que estás hoje, o pinheiro caía e não me tapava a boca e tinhas de me aguentar aqui aos “ais” até de manhã...” E continuei este monólogo por uns bons 20 minutos sem parar. Foi a confirmação que consigo falar acerca de absolutamente nada durante grandes períodos de tempo e pensei até que poderia vir a ter uma carreira de comentador na televisão.

Acreditem ou não, às 6:30 da manhã passam dois tipo a fazer rateres em cima de uma mota, com um dos tais tabuleiros de esferovite, sai de cima da mota com o dito tabuleiro, espeta-o violentamente no bico da tenda do casalinho e grita a plenso pulmões, para se ouvir em Freixo de Espada à Cinta:

“Seis e meia.... Alvoraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaada!”

Juro que a cara do tipo a sair da tenda foi por demias fantástica para deixar de ser uma recordação da minha vida. O ar de frustrado daquele tipo após uma noite de insónia foi tão bom que, ainda aos dias de hoje, quando vejo umas motas em caminho para alguma concentração, vejo mentalmente a imagem daquel tipo, com o cheiro da madrugada de um fim de semana que fica para o resto da vida na nossa cabeça, alma, coração... E faço um pequno sorriso que só eu sei o que significa...

Canela

Infelizmente não em Faro, 15 de Julho de 2010

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