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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Forcado

Há um estaurante ao cabo de Loures, a entrar na zona mais saloia de Lisboa que tem este nome e não é para menos. O que se come naquela casa tem todo o aspecto de ter sido confeccionado por gente que lida com a terra e os animais e até os tipos que animam aquilo com duas guitarras quando a luz se apaga têm aspecto de quem nos pode meter a um canto com um gorro verde e vermelho sem mais nem menos.

As cabeças de touro, que duvido que tenham sido tiradas com as mãos dos forcados, dão o ar da sua graça e fazem juz a outro nome que é Beija o Boi, embora deva de confessar que não meparece a ideia mais higiénica do mundo, os clientes andarem a beijar um animal defunto e empalhado, mais ou menos na mesma ária do focinho. Se a ASAE desconfia disto parece-me a mim que quem vai andar em pontas são eles.

Bom, na minha perspetiva, desconfiosempre de tipos com umas meiazinhas de renda branca, esticadas com uns berloques tipo pom-pons de lado, a dar seguimento apra umas calças tipo bailarina, com camisinha de folhos e jaqueta com brilhantes. Se metesse um bigode pareceria até que estavamos a falar dos travecas que se acham à noite ali para o lado do Conde Redondo em Lisboa.

Na realidade estamos a falar de indivíduos supostamente muito machos, que usam os braços e o corpanzil para pararem um animal de quase ou mais de meia tonelada e que, mesmo sendo mais de meia-dúzia deles, é coisa apenas para quem os tem no sítio. Ou para quem tem problemas do foro psicológico, aqui a doutrina reparte-se e as opiniões são de cada um.

Não ajuda que o último dos forcados, que são sempre amadores, coitadinhos, que nisto são piores que os bombeiros que ainda têm alguns profissionais, seja chamado rabejador. Com sinceridade, com um nome destes, um gajo que é normalmente relativamente pequeno e que usa umas sapatilhas mariconças para fazer um bocadinho de ski em cima da areia da arena enquanto um touro anda freneticamente às voltas a ver se lhe assenta uma marrada, não é um exemplo de virilidade.

Lembrem-se que estes tipos vêm antes das vacas chocas que tiram de facto o touro da arena onde andou a jorrar sangue. É gente que tira o barrete após ter quatro hematomas já bem visíves na cara e ainda mal dominaram o touro. Será que estes tipos também recebem subsídio de risco? É que se estes não recebem, os que recebem vão ter de devolver o dinheirinho todo que receberam até ao corrente dia.

Como diz uma amigo meu, isto é gente da rija, passam o dia com um par de cornos á frente por isso nada lhes faz impressão. Acho que nem mesmo servir ovos com farinheira de entrada no restaurante. Bem bom! Há sempre que ter cuidado com reencontros neste ambiente, dá sempre a sensação de ir dar tourada, mesmo quando um dos reencontrados toca uma ou outra desgarrada à meia luz com uma guitarra emprestada ou roubada aos músicos de serviço.

Canela

Oeiras, 16 de Agosto de 2010

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