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sábado, 6 de março de 2010

O Bule de Chá

Uma das coisas que me faz alguma confusãozinha, e escrevo no diminutivo para que a coisa tenha menos impacto do que na realidade tem em mim, é o diabo dos bules de chá que os cafés, um pouco por toda a parte insistem, ou não, em usar.

Digo ou não porque, se todo o apreciador de chá que se preze, como eu sabe que ao pedir “Um chá faxavôr!” estamos a pedir um bule com um cordel molhado (sem o cordel a coisa perdia metade da piadae não tinha aquele tempero que tão bem conhecemos) e uma saqueta de umas ervas meio secas que não sabemos muito bem o que são mas, tingem a água quente com um tom qualquer e, nalguns casos até dão um cheirinho (mais ou menos) agradável. Ora é claro que, esta extasiante experiência nada tem que ver com uma triste e patética chávena de chá, esta que só existe, pelo menos no meu imaginário, dentro de portas de uma residência familiar e só pode ser empregue -estou certo que há legislação acerca disto revista pelos mais doutos revisores de legislação como seja o Dr. Freitas do Amaral (nada contra o senhor mas o nome dele continuava a aparecer-me na cabeça desde que comecei a escrever acerca do chá lá em cima) – na companhia de familiares próximos como sejam, mãe, irmãos, tias e afins. E, mesmo neste caso, só pode ser bebido se fôr fervida a água em chaleira de litro ou mais e depois filtrado por um passador (instrumento que era utilizado na idade média para torturar as virgens dos castelos a arder (e apenas nesse caso)) e servido em chávenas em que, por mais limpinhas que estejam, têm sempre algo que limpamos com a mão mesmo antes de deitar o dito chá. Ora isto nem sempre acontece nos cafés e pedindo “Um chá faxavôr!” arriscamo-nos a levar com uma triste e decrépita chávena de chá!! Um ultraje, quero aqui deixar patente este flagelo mundial que, por mais jornalismo de qualidade que tenhamos hoje em dia, ainda não foi denunciado, talvez pelo facto de ter sido censurado ou por ter sido investigado no mesmo dia em que um outro qualquer caso mediático no dia em que esta peça estava para sair pelo menos nas 3 televisões que emitem em canal aberto.
Bom, até aqui a coisa vai muito bem, mas o que me fez começar a escrever acerca do chá foi o facto de os bules de chá estarem estrategicamente desenhados para entornarem e fazerem de um hábito bem educadinho e social uma verdadeira porcaria numa qualquer mesa deste país. Ora bem, já repararam na ponta daquilo??? Sou só eu que entorno aquilo por todo o lado menos o diabo da chávena ou há mais como eu que clamam por um nova ergonomia aplicada aos bules? Ou será que é suposto eu beber por lá e nunca ninguém me explicou? É que se é isso ando aqui enganado há uma carrada de tempo. Depois há a ter em conta que, ao longo dos anos, tentei as variantes aplicadas ao bule de chá na modalidade de tampa aberta, tampa fechada, de lado, pelo bico, com a chávena a 45º, quando chove apenas, com alinhamento de 2 ou mais planetas...bem...o facto é que é impossível conseguir entornar aquilo sem fazer daquela mesa uma pocilga.
Ainda há o pormenor dos pseudo-bules que são o bule com todas as desvantagens associadas às chávenas e aos bules. Parece complicado? Não é! Basta pensarmos que queremos um bule para podermos encher várias vezes a chávena,e a mesa, a cadeira, a nossa roupa e a echarpe e casaco da senhora da mesa ao lado de chá. Ora aqui há que pensar que se o bule algumas vezes não tem tamanho para encher uma chávena e, como tal tem a desvantagem de ser pequeno como uma chávena com o defeito de queimar mais os lábios ao ponto de podermos ficar com as pele e os compeed agarrados ao bule! A não experimentar! Tem ainda os defeitos que já disse que os bules têm.
Ora com isto concluo que há aqui uma espécie de “arranjinho” entre os donos dos cafés e quem produz artigos metálicos para hotelaria. Quando me lembro que, cada vez mais os cafés estão munidos de video-vigilância mesmo que não regularizada pelos senhores da protecção de dados, mais estou seguro que estes aparelhos estão lá apenas para fazer de nós, os chá-buleiros (o nome clássico para od que gostam de beber chá por um bule) alvo de chacota, proporcionando raros e belos momentos de rega-bofe para os animados convivas que se encontram à noite em cafés underground a que apenas estas duas classes têm acesso que se divertem as nossas expensas.
Para que não pensem que estou aqui apenas a levantar uma lebre e a não sugerir uma solução para este drama que nos afecta mais directamente que a 13ª correcção ao orçamento de estado, aproveito para sugerir que hajam nos cafés umas bombas de sucção (se não estão a ver o que é, visitem uma sex shop qualquer, há uma ali em Ayamonte que tem umas que davam para o chá) para que possamos com duas ou três bombadas encher a chávena sem fazer, vá lá, o mesmo que quatro porcos num palheiro (sim, num palheiro, imaginem lá a ver se não se faz uma porcaria imensa na mesma).
O aroma continua amanhã!
Canela
Oeiras 3 de Março de 2010

1 comentário:

  1. Achei curiosa a escolha do primeiro tema. Curiosa e pertinente...A minha solidariedade para com a confusãozinha provocada pelo uso ou não uso do diabo dos bules de chá num café qualquer. A não ser que o café seja um certo e determinado no parque das nações (que não refiro por causa das ades - publicidade e privacidade). E aí, o entorna/não entorna ajudou a repor as batidas aceleradas num encontro sorridente. O que me leva a passar dos bules para o chá. Esse que, para sempre, terá um aroma inconfundível e profundo. Mesmo que seja "só chá"!
    RS

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