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terça-feira, 23 de março de 2010

O Perfume

Há um limite para tudo quanto é bom. Isto parece-me ser óbvio e, se nos deixarmos de juízos pre-definidos e meios parvinhos podemos ver tudo, mas mesmo tudo, tem que ter conta peso e medida! Claro que há excepções no tocante ao universo feminino mas, pronto,… para quase tudo, ou melhor, para a maioria das coisas há que ter conta, peso e medida para que não sejam em demasia. Portanto, há coisas que são assim, e se não forem coisas, são pelo menos algumas coisas, por poucas coisas que sejam. Uma dessas coisas é o perfume!

Quem já jantou no casino de Lisboa naquele ambiente inebriante sabe muito bem do que estou a falar. Para conseguirmos jantar temos de levar uma molita no nariz e isto tem que ver apenas com um pequenissimo fator. As moças que nos servem à mesa, muito bem arranjadinhas, de verniz bem pintado, maquilhagem até cuidada, com uma farda laroca e esforçando-se na maior parte das vezes por serem simpáticas, tomam banho em várias fragrâncias que, de facto são um bocadinho demais.

Eu que até gosto muito das tostas de queijo de cabra que eles lá fazem que vêm com aqueles tomatinhos pequeninos e uns verdes, a acompanhar com o melhor chocolate quente que conseguimos beber sem rezar 3 pais-nossos e 7 avé-Marias, - espero que seja assim que se escreve e não seja declarado Herege-Mor- tenho alguma dificuldade em engolir, por causa do cheiro que me faz parecer que o chocolate quente vem embebido em Jean-Paul Gaultier ou o fabuloso Angel de Thierry Muller que, por muito que goste dele, não combina com as minhas horas de refeição. Para quem conseguir usar a imaginação, pensem nisto:

“Chá Channel nº 5!!” Não há mais a dizer… é isso com que se fica com a sensação de se estar a beber.

Mais uma vez, e à semelhança da edição do pumzinho, (sim, vou continuar a escrever com “m” mesmo sabendo que a contração deveria passar por meter um “n”) há horas para tudo.

Para piorar a coisa, o restaurante vai rodando lentamente enquanto comemos e, eu que sou um tipo com um parco sentido de orientação, para não dizer que me perco dentro de uma piscina rectangular vazia, quando me levanto da mesa, embora não beba nada com álcool, tenha sempre a sensação que é assim que os copofónicos se sentem quando se levantam depois de um opíparo jantar regado à grande e à portuguesa!

É que depois disto não faço ideia para onde saio nem para onde entro. Lá está, sou quase como um pombo no sentido de orientação… apenas um pombo altamente etilizado, após um ginger-ale com cheiro a cerveja.

Há aqui que referir ainda mais um colega de trabalho que tem uma certa e determinada característica que, não tendo a ver diretamente com perfume, por ser uma característica odorífera, acho que é de referir. Note-se que estou a falar de um tipo, que usa dois relógios um em cada pulso o que, por si só, começa a dar ideia do que estou a falar. Bem, o rapaz quando faz a barba e, aqui posso agradecer a várias religiões simultâneamente por esse facto, mete after-shave é de fugir. O cheiro nota-se a uns bons 30 metros. LITERALMENTE! Logo que o tipo abre a porta da empresa, e notem que estou a uns 30 metros em “L” através de um corredor com paredes à antiga portuguesa com uns 50 cms de espessura), o cheiro atinge-me de imediato. Para terem uma melhor perspectiva da tragédia digo-vos apenas que andou comigo de carro um dia qu fez a barba e, no dia seguinte por volta das 8 da noite, a primeira pessoa a entrar no carro depois dele diz, e passo a citar: “Xiiiiii, que cheirete é este?!”

Acho que está tudo dito, não?

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 24 de Março de 2010

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