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terça-feira, 9 de março de 2010

O penso higiénico

Como ontem foi dia da Mulher, não quis deixar de apresentar aqui o devido tributo ao género mais perfeito desta espécie. Ao ser mais misterioso e belo que foi criado a partir de uma costela ou de átomos de Hidrogénio. O que importa é que a esse ser chamámos mãe e, por isso só merece toda a nossa consideração, respeito e amor sem limites!

O pior está para vir...

Devo confessar que apenas aos 9 ou 10 anos descobri o que era a menstruação e apenas a conheci por esse nome durante 3 ou 4 anos. Foi o meu primo António Pedro que me explicou assim sotto voce (a meia-voz para os coralmente incultos) que "...a coisa, estás a ver, durante... pá, uns dias, pronto,.... coiso pá, tás a ver ou não?!?!"

Fiquei parvo e julguei que ele estivesse a fazer pouco de mim pois era o mais novito que ali estava e não podia acreditar em coisa tão maluca e estapafúrdia. Pois bem... era mesmo verdade! Aparentemente os mamíferos têm destas coisas e percebo que ele ficasse meio trôpego a explicar-me estas coisas com aquela idade porque, entretanto, já tentei pensar como explicar a um miúdo de 10 anos que me perguntasse o mesmo e acho que era: "...a coisa pá...'tás a ver né? Uns dias pá, coiso!"

Penso que assim me sairia bem melhor que o meu primo que hesitou mais e não usou da capacidade de síntese que eu tenho. Esclarecedor?! Isso é que já não sei se seria.

Apenas aos 13 tive a chave a estes maravilhosos termos que são, o período, o chico, o meu amiguinho ou ainda o sempre fabuloso, "quando o Benfica joga em, casa"! Até nestas coisas o Benfica é um clube do povo! Genial mesmo. Pergunto-me até se terá sido o tio, (tio é um termo carinhoso, claro) Oliveirinha, o tal que tinha o Sol a dar, nos idos tempos da outra senhora que terá contribuído para isto ou, se, por ventura, isto terá sido algo criado por um qualquer posto superior do exército sem medo que, à sua custa tenha implementado tal expressão.

Aqui podemos padecer de algumas dúvidas mas, há uma coisa que não duvido em absoluto. Estar com o período é uma coisa fantástica. Penso que serão os melhores 4 ou 5 dias do ciclo de 28 dias de qualquer mulher que tem a sorte de ter o privilégio de ter sido bafejada com tão boa-aventurança. Não tenho dúvidas porque já vi vários anúncios a pensos higiénicos e, se podem vestir branco, se podem andar de bicicleta, se encontram tartarugas e lhes perguntam como vão para a Conchichina e elas respondem, se se rebolam na relva vestidas de branco e vermelho em formosas coreografias que explodem de alegria quando se juntam com a forma de um penso higiénico, sempre de sorriso em riste, belas, bem maquilhadas, cheias de vigor e energia, então só pode ser do melhor que há no mundo e arredores.

Depois ainda há os tampões que têm um divertido fiozinho com instruções de utilização que, estou certo, foram lá colocadas para os homens mais curiosos como eu, para que os que têm blogues com estas parvoeiras possam investigar. Aprendi no entanto que em três marcas de tampões é preciso ter um bidé para o colocar pois, todos os 3 produtos tinham no desenho que indicava a posição da perna, o apoio feito num bidé. Finalmente entendi para que servia o malfadado objecto sempre omnipresente na minha vida.

Os modelos já abundam de tal forma que há modelos tanga e, para breve, o modelo fio dental irá aparecer onde se irá prometer absorver até 4 vezes mais com um penso que, terá 1 centímetro de largura com 10 a 12 de comprimento. Vão-se vender em caixas tipo pastilhas elásticas e ser um sucesso. As caixas serão multicolores em rosa-choque, azul céu e verde-alface. Haverá ainda um modelo para as tias, com caixa em fucsia. (Diz que é uma côr...).

Se isto fosse um produto masculino eu quase que aposto que já havia em azul e vermelho anodizado e era anunciado em modelos GT, com TdCI de retroação directa e com árvore dupla de cames à cabeça. Giro este jargão meio "auto", que me fascina embora eu e os outros que lêem estas e outras linhas também não mas, isso é o que menos importa nestas alturas. Há que fazer aquele ar de quem diz "Hum... " de mão no queixo e voz suave, qual anuncio da TV, quando na realidade o que se queria dizer era " Hum?!?!" com os olhos arregalados e com a voz bem esganiçada a coçar o alto do cocoruto.

Tentei investigar e aparentemente não há muito mais soluções para isto, (sem contar com a antiga toalha turca que é do tempo das outras senhoras, ou talvez destas ainda, as mais experientes – chamemo-las assim porque velhos são os trapos – que alguns de vocês ainda se lembrarão). Nunca tinha entendido muito bem de que eram aquelas toalhas, meio encharcadas em sangue que iam para lavar quando era mesmo puto charila.

Concluo que, apesar de novas marcas terem aparecido no mercado, não tem havido grande evolução a nível destes produtos sem ser ao nível do material que, é tão absorvente hoje em dia que, se alguém calha de entrar no Mar Cáspio com uma caixa de Evax para alturas de grande fluxo mais dois tampões, este é rapidamente sugado e desaparece em minuto e meio. Claro que tinha dado jeito agora para as cheias na Lezíria mas, a protecção Civil não pode fazer tudo. A título de nota adicional fica aqui para memória futura (rico termo, caraças!!) que, a referência ao Mar Cáspio nada tem que ver com a situação clínica do couro cabeludo da cabeça! Há sempre um imberbe que se põe a ler isto atravessado e não queremos confusões.

Com isto tudo, as mulheres que conheço que ficam mais precisadas de um carinho, ou mais irritadiças ou mesmo à beira de um ataque de nervos por estarem com o período são com certeza uma pequena minoria, que não usa o penso higiénico ou o tampão certo porque, se o usassem, a sua vida era muito melhor, andavam de bicicleta, vestiam branco, encontravam tartarugas e, no liceu, não perguntavam às colegas da fila de trás para repararem se viam alguma coisa, quando se levantavam ao fim da aula, por estarem a usar um penso higiénico!

Canela

Amadora, 9 de Março de 2010

1 comentário:

  1. Pedro:
    Pois é! No teu lugar, eu começava seriamente a compilar (verbo estranho, este)estas tuas crónicas deliciosamente absurdas, cujo estilo reflectem mesmo o absurdo de alguns momentos das nossas vidas. Belo estilo, bela forma de brincar com a língua portuguesa e com o nosso quotidiano. Li, ri, pensei e gostei. Muitíssimo. Abraço.

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