Seguidores

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quilómetros sem fim

Da última vez que escrevi aqui, sexta-feira passada, falei das áreas de serviço por um motivo. Faço muitos quilómetros (em particular na auto-estrada) e como tal tenho oportunidade de visitar o país de lés a lés no espaço de 15 dias.

Ora se se costuma dizer que Deus está em toda a parte, Mário Soares já lá esteve, podem acrescentar, eu passei lá perto faz duas semanas. Claro que, à parte que me toca sou o menos viajado dos três, mas isso tem um motivo óbvio, o primeiro pode ou não existir e, a existir, não tem um blogue no qual Ele escreva (mantenho o E maiúsculo para, não vá dar-se o caso de ele existir mesmo depois ficar especado para toda a eternidade, lá por Ele ter ficado lixado Comigo por causa disto -pus o Comigo em letra maiúscula pois se Ele tem direito e somos todos iguais...) e, por o segundo ser um produto de ficção científica partidária. Mas eu, ou alguém no seu total juízo, alguma vez acredita que um tipo que tem idade para estar em casa de pantufas, ia entrar numa corrida presidencial? Nem pensar!!! Ainda por cima sabendo logo de antemão que ia perder.

Mário Soares é para mim como é para algumas pessoas a ida à Lua do homem. É ficção! Devo confessar que o personagem é muito bem criado no entanto.

Bem, feita que está a introdução ao tema vamos lá desenvolver a coisa. Andar de carro ainda por cima sozinho, grandes distâncias, num ligeiro é uma coisa que pode ser encarada de várias maneiras mas, como para mim há que contar com o melhor que nos pode aparecer, pesem embora algumas propriedades menos positivas disto, a contabilidade é francamente positiva. Se não fosse o facto de isto fazer esticar algumas peles da anatomia humana, era um sonho mesmo.

É por isto que acho que os camionistas (que fazem muito mais quilómetros que eu) deviam de ser senhoras. É que há partes da anatomia masculina que sinceramente não foram desenhadas para andar sentado num veículo automóvel por quilómetros sem fim. Nem precisam de fazer muitos quilómetros para constatar isso os leitores masculinos. Lamento não ter feito o test drive a como seria ser incomodado por uma fita de tecido semi-rigida apertando-me os peitos com o tamanho de uma laranja pelo menos mas, podia passar por alguém que me conhecesse e decidi não arriscar.

À minha parte apenas me queixo quando algumas partes do corpo masculino que deveriam estar orientadas para a frente (os denominados tim-tins), de repente começam a sair das calças perto das costas. Aí sim, concluo que realmente já estou a fazer uma distância superior ao normal.

Isto é de tal maneira que há inclusivamente gente que conheço da auto-estrada. Juro! Já tomei café com um "colega" do asfalto em mesas diferentes numa estação de serviço de auto-estrada na A1 e conhecemo-nos dando um implícito bom dia com a cabeça! Como é que o conheço?! Em vez de ser pela roupa é mesmo pela carrinha que é cinzenta e tem uma moça curiosa atrás. Acho que já quase que conheço a matricula de cor.

Acompanhado da minha música e de alguns programas de rádio feitos por pessoas que passam quase o mesmo tempo comigo que uma boa parte da minha família, alguns deles até mais, um tipo habitua-se com facilidade a esta vida e, por vezes, tende a esquecer-se que não está em casa. Já troquei de roupa no meio da segunda circular por necessidade pura de não aparecer de fatinho e gravata. Essa segunda circular mesmo. A parte mais complicada de tirar são os sapatos porque, os pedais do carro assumem de repente um ar bem mais rijo do que aquele ar fofinho e meigo a que estamos habituados. As calças implicam também uma boa dezena de saltos e, garanto-vos, a malta vai tão alheada nos carros ao lado naquele pára e arranca que ninguém reparou que trazia os meus boxers vermelhos com o cãozinho. Uma pena porque são um estouro!

Ainda há aquelas alturas em que molhamos as calças de ganga até aos joelhos na praia por vir lá uma onda maior do que o normal e, naturalmente, o que fazemos de seguida é conduzir a A22 toda de cuecame com os jeans em cima do tablier para poderem secar até chegarmos ao Hotel. Se fôr num dia de Carnaval até que nem tem grande problema porque se a Polícia mandar parar, ninguém leva a mal. O pior é no resto do ano... Não é que me tenha acontecido... não... contou-me um amigo que podia acontecer...sim... foi isso mesmo...

Canela

Santo António dos Cavaleiros, 8 de Março de 2010

1 comentário:

  1. Em quilómetros virtuais ou não, o certo é que há experiências que nos marcam. Sejam elas a alta velocidade ou nem tanto; de roupa interior, sem saber se o que nos deixa esbaforidos é o calor do AC ou o cãozinho dos boxers vermelhos...
    RS

    ResponderEliminar