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segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Mudança

Há um dia que chega a nós de uma maneira ou de outra, sem sabermos muito bem no que nos vamos meter em que temos de nos mudar. Este mudar não era assim tão de assustar se naõ fosse o facto de descobrirmos nesse dia que temos muito, mas mesmo muito mais coisas o que alguma vez conseguimos pensar. No dia das mudanças sentimo-nos como um Onassis ou um Gulbenkian porque achamos que o nosso património é de tal maneira vasto, que talvez merecesse uma catalogação própria e um histórico até a ser recordado.

É também nesta hora que ficamos mais bondosos e nos apetece começar a dar como se não houvesse amanhã. Isto vai crescendo em nós de modo exponêncial à medida que as horas vão passando. É verdade!

Aquilo que, às 9 da manhã, ainda fresquinhos e com o gosto do pequeno almoço na boca, nos parece indispensável, por volta das 11 da manhã, é-nos perfeitamente dispensável e começamos a pensar porque diabo não nos vêm mais instituições de caridade à ideia, justamente quando tanto precisamos de uma.

É também a altura de exclamações muito próprias como “Então era aqui que tu andavas?!” ou ainda “Mas eu comprei isto quando, como, e acima de tudo, porquê?!” e a minha favorita “mas que caraças é isto?!” o que revela, no seu todo, a falta imensa que um determinado objeto que viveu paredes meias connosco, sem que tivesse pago renda alguma por isso e, sem que tivessemos conhecimento de tal. Se fosse um microfone implantado pelo SIS, poderia ser do tamanho de uma batata média, seja qual seja esse tamanho que deveria ser standardisado pelo ISO 9000 ou  outro qualquer, que não havia problema algum!

Os mais forretas não querem saber de contratar ninguém para fazer isto e contam com os amigos, dos quais uns são uns verdadeiros “escape artists” e conseguem baldar-se com desculpas que vão desde um simples “Não posso!” até ao mais elaborado “O meu canário teve uma conjuntivite e tenho que estar perto dele para ar apoio psicológico!”. Os que não conseguem entrar nisto, vão normalmente dar o corpinho ao manifesto a troco de almoço e refrigerantes.

Por volta das 3 da tarde, começamos a considerar oferecer pedaços maiores de mobilia e pensamos que o sitio para onde nos vamos mudar afinal não tem assim tanto espaço e os acessos que nos pareciam tão largos, após termos entalado os dedos e outras miudezas mais, afinal são estreitos com um intestino delgado! Descobrimos por volta desta hora que afinal estamos a metade da coisa porque apareceu um carregamento enorme de louças e utensílios que, efetivamente já vimos uma vez por outra lá em casa mas que, sinceramente nunca pensámos que ocupassem tanto espaço.

Claro que a mudança pode ser no escritório e nesse caso podemos contar com uma empresa especializada para o efeito... ou talvez não... Nos tempos que correm há que maximizar proveitos e minimizar custos e, assim, não tendo as capacidades dos “escape artists” somos todos valentemente entalados para alancar que nem mulas russas alimentadas a Vodka para levarmos dossiers que nunca antes vimos, que não sabemos para que servem (aparentemente, nem nós, nem ninguém) e esperamos apena ter de levar a nossa secretária, módulo de gavetas e afins, tentando o meio do caminho ficar com um cantinho em que o Sol bata de forma ideal, que nos dê mais conforto para enfrentar o dia a dia.

Claroq ue há aspetos muito positivo s... Isto faz-nos  gostar mais da casa ou local novo onde estamos onde queremos ficar, pelo menos enquanto nos lembrarmos disto, por mais uns anos, aconchegados no nosso cantinho.

Canela

Oeiras, 21 de Maio de 2010

 

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