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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Explicando

Sou observador passivo desde há algum tempo, de uma atividade que nunca antes houvera visto a decorrer. Escrito assim, soa bem , não é? E ainda nem sequer disse o que é, mas tira-se pelo título…

Claro que estou a falar da boa e fiável explicação!

Foi a primeira vez que assisti porque felizmente nem eu nem o meu irmão fizémos o Sr. Zé Maria ou a Dª Maria Fernanda gastar um tostão que fosse, ( na altura não havia euros por isso não lhes popámos cêntimos mas sim centavos) em coisas deste género. Claro que, já na altura havia muito boa gente a torrar fortunas nestas coisas que a mim, não me faziam sentido algum.

Passados estes anos todos, continuam a não fazer mas, agora pelo menos acompanho o que por lá passa e, acredito que, as coisas não tenham mudado assim grande coisa no que toca à explicação em si. Claro que posso estar enganado mas não me parece.

Bom, esta epécie de alunos está lá por vários motivos mas os principais são, ou querem subir a nota por causa da média, ou querem subir  a nota para não chumbar, o que também afeta  a média obviamente mas, é uma subspécie da primeira, na verdade um bocadinho mais à rasca. Claro que nestas coisas estar à rasca nem sempre quer dizer que se seja mais aplicado e o que mais ouço em pano de fundo são silêncios profundos e monossílabos monocórdicos onomatopaicos. Se não sabem o que isto quer dizer, está na hora de umas explicações de português talvez, não?!

Bom, a raça dos fedelhos, solta uns “Aaaaaaahhh” de vez em quando como se estivese a ver claramente a coisa pela primeira vez na vida mas tropeça rapidamente quando a próxima pergunta, em tudo similar à anterior menos num ou outro ponto e de repente faz-se o tal silêncio, em nada promovido pela explicadora mas pelo explicando. Eles olham para a explicadora como se estivessem à espera que um raio de inteligência e sapiência os atingisse de repente e pudessem mesmo responder à pergunta que lhes fizeram.

Agora que penso nisso, estes são os primeiros atos de fé de qualquer ser humano hoje em dia. Assim se explica muita coisa. O que não se explica são as horas esquecidas e os “10 minutos” que têm de explicação a mais, em datas muito próximas do teste, de preferência no dia anterior, porque os putos acreditam em milagres, lá está, por terem muita muita fé!

É muito muito engraçado passar por eles e vê-los a coçar o alto do cocuruto a ver se encontram algum tipo de interruptor que lhes permita ligar o cérebro e meter o Tico e o Teco, os tais dois neurónios que ainda têm ativos, a trabalhar. Fazem sempre um ar interessado que tem na realidade mais de interessante do que interessado, sei-o bem!

Ficam surpreendidos de não terem notas decentes por não terem estudado e acham que mesmo a 1 semana do teste, não vale a pena “marrar” mais cinco minutos porque “para a semana tenho explicação” dizem eles.

A culpa que os paizinhos têm nisto não é muita, para além do desinteresse total muitas vezes. O mal maior, os pais, coitados também não podem retirar e esse chama-se património genético…

 

Canela

 

Oeiras, 20 de Maio de 2010

 

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